Na ilha da alegria
As crianças estão felizes. Todas olham para Gabi, a simpática coelhinha de pelúcia de quase dois metros. Desde o começo do mês ela está em um suntuoso Buffet Fábrica da Alegria.
Entre os seus afazeres está o de tirar fotos, fazer carinhos com sua mão peluda, pegar bebês no colo, levar a criançada para os brinquedos, rebolar e acenar muito para todos os convidados.
Mas de festa em festa, podemos observar que Gabi esta meio cambaleante e no final do dia, uma outra realidade se apresenta.
Marcos, um vigilante tira a fantasia e deixando de ser Gabi, volta cansado pra sua toca, ou melhor, casa. Antes das férias também tinha que ficar em pé, só que na porta da empresa, com sua arma na cintura e cara de poucos amigos.
De férias, pega um bico, deixando de ser Marcos e passando a maior parte do tempo sendo a coelhinha Gabi.
No novo ambiente de trabalho, fica horas em pé com aquela pesada vestimenta, ouvindo músicas infantis o tempo inteiro. Desaforo não falta. Os pestinhas dão risadas, um pontapé, puxão no seu pompom, um soco no estomago, uma voadora e de vez em quando um mata leão ou gravata de um pai pra lá de “brincalhão”.
Dia a após dia, fica esgotado. Na empresa pelo menos tem uma arma pra se defender. Depois da primeira semana tem que tomar fortes remédios pra sua dor nas costas.
Naquela ilha da alegria, a coelhinha Gabi sabe diferente de muitos pais e da meninada, que a vida nem sempre é fantasia, ela pode ser dura, às vezes crua e nua.