Educação versus indisciplina

e outras displicências

A atividade comportamental indisciplinada dos alunos é atividade que deve ser desvinculada da ação do professor.

...O diabo é acreditar no Professor como o agente de repressão de alunos mal educados sob o ponto de vista do comportamento básico. O professor repressor que impõe rigor máximo aos alunos. Pobre neurótico amarrado ao contexto em que a realidade obriga certa energia negativa, mas que lhe é tirado o direito dos mecanismos antigos e básicos utilizados na arte da repressão das crianças desde sempre no reino humano. A expressão de ordem cai no vazio, pois criança indisciplinada desconhece momento oportuno. Para elas a voz é objeto sem o prodígio da ação imperial na qual se devotam os adultos. A voz pode ser exatamente indicativa de oposição completa aqueles que procuram abafar com todo o tipo de confusão sonora o caminho certo. Dependendo da opressão em que reside a linguagem original dos alunos o procedimento verbal acaba descartado em detrimento da movimentação risível. Criança adora rir. Rir é maravilhoso.

Temos então a indisciplina como material de trabalho da meninice na escola. Perfeito contato com a liberdade entre a plenitude do “livre-arbítrio caótico infantil” até a exclusividade da meninice mágica. Certa liberdade anterior ao Código de Hamurabi em sua confecção sobre bases primárias da experiência humana, em nome das leis fundamentais da convivência. Leis que residem na obtenção dessa referência de civilização adulta através dos limites para o qual garantimos a reprodução pacífica contra a hipótese da guerra iniciada por hostilidades recíprocas. Gratuitas como ocorrem nos conflitos escolares nas brincadeiras de braço.

A escola nem sempre reconhece este direito do primado da liberdade infantil em transição, logo ressentida pela ordem esquemática da padronização da escola. A escola procura sobre este testemunho direcioná-los ao tempo dividido em períodos numa obrigatória interferência. Justo neste momento de ilusão em que tudo parece estar alcance do livre exercício de viver apenas para obtenção da alegria rápida.

Para o profissional em educação, basicamente é período de fadiga sonora onde toda a atenção é dominada pelo suplício das demais ruidosas. São vinte ou quarenta almas reagindo alheatoriamente, desrespeitando qualquer tipo de formação para equilíbrio geral. Desdenham até da importância da escrita. Produz cansaço mental experimentado apenas pelos trabalhadores da Bolsa de Valores. Pesadelo nos seguintes pontos: Ruído e excessivo desprezo pela função do professor. Ouvidos atentos e seriedade é um comportamento atípico para crianças.

Toda indisciplina reside no desprezo ao conhecimento sobre o momento oportuno. Quando todos falam ao mesmo tempo são como pardais no crepúsculo. Prontos para a "reação em trovão" que indique o silêncio como surpresa viva. Mora nessa expectativa infantil de limites certa figura desconexa, sobretudo gigantesca, de ilusória aparição como espera de reflexo que desafie o poder dos pequenos desembestados e sua intacta supremacia. É o professor quem diminui o gigantismo da meninice egocêntrica em plenitude de arrogância, mas nem sempre ele pode alcançar este propósito. Na maior parte das vezes está só quando necessitaria de verdadeira logística reparadora de apoio.

Têm precipitado que saúda a tirania como resposta a indisciplina, sendo indisciplina espécie de resíduo democrático. Ledo engano. É criança em período de liberdade experimentando a escola como promessa duvidosa que merece atenção. Abrolha na escola a primeira visão restritiva do mundo através do pedido da ordem comum. Certa ação departamental com mais divisões, maior mobilidade para cada perfil, facilmente se ajustaria as reais potencialidades. Alunos indisciplinados precisam de mobilidade, elas indicam mobilidade. A imobilidade lhes é profundamente incômoda, já alguns suportam-na mais que bem. Permanecem imóveis em condições de absorção do conteúdo proposto durante quarenta minutos.

O profissional da educação conhecido como Professor vive indefeso e exposto entre vinte ou quarenta crianças nesse estágio de pré-comunicação anárquica presentes nas escolas em geral.

Abandone Pais e Sociedade esta ideia de que é o Professor aquele profissional que mudará a indisciplina nas escolas. Indisciplina nada tem a ver com a atividade de “ensinar sobre pressão”, fato real das manchetes, dos tópicos, das teses. O ensino jamais se realiza em tais condições. Meu Caro Professor sabe que muitos desses indisciplinados são detentores de grande potencial, inteligentes, exercitando a loquacidade e desatino por infatilismo. Um fator não dispensa o outro na fase do desenvolvimento. Note-se que a atividade comportamental dos alunos indisciplinados devem se desvincular da ação do professor. O professor necessita urgentemente de nova ordem de profissionais para agrupar alunos num ambiente com o mínimo de educação aceitável para o confinamento ao modelo clássico: mesa, cadeira, aluno e professor em procedimento verbal. Administrar a educação elementar com as regras do bom convívio é uma etapa anterior a chegada do Professor em sala de aula lhes reduzindo a insalubridade. Primeiro temos o ensino das regras básicas de convivência em sala de aula através da prática de profissionais habilitados para substituição dos pais durante a ausência. Profissisonais habilitados em prover o controle mínimo do comportamento para ocorrência da aula clássica: professor e aluno.

Crianças indisciplinadas nascem de turmas tecnicamente mal planejadas vivendo dentro de uma arquitetura egoísta, isto porque a pedagogia deposita somente no professor a solução da indisciplina. O professor recebe o seu período de caos durante o ano letivo como se fosse obrigação sua interferir no aspecto comportamental da criança desenfreada. Na verdade o professor luta neste ambiente caótico para proteger o aluno disciplinado com todas as forças, salvando-o do ruído caótico, da agitação dispersora, das más atenções e outras estripulias. Refiro-me a distinção entre perfis psicológicos para garantir equilíbrio dinâmico. Digo divisão, nunca discriminação, sempre com encaminhamento para novas atividades, onde responderá com certeza a nova expectativa vocacional de aprendizado.

O plano de aula do professor serve para o conteúdo didático. Nem sempre o caos da indisciplina cede através do procedimento verbal. É estranho que repassem esta afirmativa negativa sem reposição de solução enquanto pergunta sem resposta ao profissional da educação. O processo pedagógico deveria estar preparado para substituição do poder dos pais sobre seus filhos na escola. Praticamente há poucos esforços neste aspecto em termos de conteúdo prático. Em certo momento imaginei que fosse a indisciplina material de ofício do professor. Ledo engano ou romantismo intelectual. (O professor mágico quase sempre se antepõe como solução). Cabe ao professor tratar da expressão do conhecimento de certa área e solicitar que fiquem em perfeita ordem para dar início ao ritual do conhecimento na qual damos o singelo nome de aula. Momento de palácio como quer a etimologia do vocábulo "aula". Palácio mesmo na mais humilde das escolas do mundo.

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A fuga: Seja Professor de Palestras ao vivo pela internet. Uau! Não tinha pensado nisto! O professor público que aparece apenas em vídeo, ó supremacia da ilusão presencial, pode ser solução; mas mal respondendo como a tecnologia disponível lida com indisciplinados virtuais e até vandalismos de menino que desmonta a impressora para colar pedaços no visor do micro. Pode ocorrer na escola cujo estabelecimento fica na Rua Aurora.

Salve o Professor.