CONHECER LINHARES É CONTEMPLAR BELEZAS E RESPIRAR PROGRESSO

Em uma manhã, na década de 70, na condição de aluna do Colégio Estadual, hoje “Emir de Macedo Gomes”, eu tive a honra de assistir ao resultado do concurso de slogans que aquela escola promoveu, tendo como tema a cidade de Linhares.

Reunidos em uma das salas ociosas que ficavam perto da cantina, os presentes tiveram o prazer de conhecer não apenas a frase vencedora: “Conhecer Linhares é contemplar belezas e respirar progresso!”, mas também a sua autora: Gláucia Lygia Paiva Rabello, a filha mais velha do Sr. Inimah e da saudosa Dona Anita, a primeira doceira e quituteira de Linhares, excelente, por sinal.

Apesar de ser amicíssima de sua irmã Regina Lúcia Paiva Rabello Reis e de seu cunhado, Whelligton Renan da Vitória Reis, há muito tempo eu não vejo a autora desse slogan, pois em seguida ela passou a ser Rabello Leal e mudou-se para Paragominas, P.A.

Presumo que sua feliz inspiração deveu-se ao progresso que Linhares passou a experimentar a partir do asfaltamento da BR 101, quando as pessoas começaram a se mudar para a nossa cidade, originando, inclusive, o desenvolvimento de novos bairros.

Gostaria de revê-la e lhe contar o que aconteceu nesses 44 anos em que resido em Linhares. Direi que, hoje, nosso município se destaca como grande produtor de petróleo e gás natural. A implantação da Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC) empregou 3.200 pessoas, por isso, além do Canivete, Aviso, Colina, Conceição, Shell, Araçá, Interlagos e BNH, temos novos bairros como o Juparanã, o Três Barras, o José Rodrigues Maciel, o Lagoa do Meio, o Jardim Laguna, o Parque Residencial Exposição, o São José, o Linhares V, o Boa Vista, o Nova Esperança, O Linhares V, o Movelar, o Planalto, o Santa Cruz, o Vila Izabel, o Palmital, o Vila Betânia, o Vila Capixaba...

Quase não vejo o povaréu que se mudou para nossa cidade, pois meu trabalho em três turnos não me permite isso, mas creio que deve haver muita gente doente, faminta e da classe média. Minhas impressões se justificam pelo número de farmácias (algumas enormes) que temos na cidade, pelo inferno que são os supermercados em dias de sábado, e pelo trânsito que simplesmente não flui em alguns horários, porque nossa antiga topografia urbana, antigamente invejada pelas suas ruas amplas e projetadas; hoje estão asfaltadas e receberam amplas calçadas, tornado-se mais belas, mas estreitas e um suplício para os motoristas e motociclistas.

Para amenizar a demanda do povo que precisa de abastecer seus lares, o Guilhermão (estádio do Industrial) vai virar um hipermercado e também está prometido um baita shopping nas imediações da Movelar, ambos para matar de inveja os municípios vizinhos. Quanto ao problema de fluxo de veículos e de falta de estacionamento, talvez ele só será solucionado se inventarem carros desmontáveis, portáteis e carregáveis em mochilas.

Alguns problemas que já tivemos, quando tínhamos poucas indústrias moveleiras, sendo a maior a Mobrasa (esse era o nome da Movelar), e quando as campanhas políticas prometiam uma tal de Cajamar, como se essa fosse a oitava maravilha do mundo; hoje não se aplicam mais, pois em nosso município estão a Brametal, a Perfilados Rio Doce, a Indústria de Sucos Mais, a Trop Fruit, a Ducoco, a Imetame, a Weg Motores e sabe Deus mais o quê!

Preciso de contar para Gláucia que, diferentemente do episódio que aconteceu durante a construção da primeira ponte do Interlagos, quando faltaram recursos (dizem que “o gato os comeu”) e o então prefeito teve de aterrar grande parte da lagoa do Araçá; brevemente os linharenses poderão ir e voltar (à) daquele bairro, apenas seguindo pela rua Getúlio Vargas, cortando a BR 101, e atravessando uma nova e bela ponte.

O Ginásio de Esportes, Manoel Salustiano de Souza, que fica na capital secreta de Linhares (a minha rua. Rs,rs,rs....) virou “pinto”, depois que foram construídas obras similares em quase todos os bairros, favorecendo grandemente os esportes e o lazer. Os doentes e acidentados podem ser acolhidos no Hospital Rio Doce, que foi ampliado e está irreconhecível, na Unimed ou no HGL. Quem quiser rezar em locais amplos, bonitos e refrigerados, não precisam apenas ir às igrejas do centro, pois os templos dos bairros nada deixam a desejar.

Para encurtar a conversa, necessito de dizer para Gláucia, que o Colégio Estadual, onde ela recebeu o anúncio de sua vitória no concurso de slogan, vai ganhar uma nova, moderna e linda sede. Também devo lhe dizer que hoje ninguém mais faz festas ou vela seus mortos em casa, pois para os primeiros fins temos luxuosos cerimoniais e profissionais de assessoria de eventos, e para o segundo temos uma capelinha bem decente em frente à Praça 22 de Agosto, que, aliás, está linda demais.

Imperdoável será se eu me esquecer de lhe dizer que nosso jornal, O Pioneiro, ganhou concorrentes, inclusive de revistas, mas continua sendo o mais respeitado pelas pessoas que prezam o passado de Linhares e veem em Deni Almeida da Conceição um exemplo de cidadão que, há mais de 40 anos, escolheu sobreviver fornecendo algo que muita gente tem preguiça de receber, porque exige saber ler: informação.

Por fim, se em determinado momento ela me perguntar se Linhares já tem rodoviária ou prefeitura, acho que vou fazer de conta que não entendi a pergunta (não sei se eu sei as razões exatas) e responder: Temos! Temos aeroporto e faculdade municipal. Tá bom, não?