Quem Paga a Conta?
Quem paga a Conta?
Jorge Linhaça
Em pleno julgamento do mensalão, permito-me sair do lugar comum de querer saber quem estava ou não envolvido no até aqui “suposto” esquema de corrupção.
Assistindo na TV o desfile dos advogados contratados pelos réus, todos top de linha na sua profissão, grandes conhecedores dos meandres da lei e, portanto, com honorários milionários, fiquei aqui imaginando de onde está saindo o dinheiro para o seu pagamento.
Estarão os ilustres defensores trabalhando “ pro bono”? Duvido.
Quanto aos réus: terão eles fortunas pessoais que permitam pagar tão altos honorários? Se a resposta for sim...de onde veio essa fortuna? Qual sua origem?
Pergunto-me se não seria anti-ético ou imoral, ex integrantes do Supremo Tribunal Federal ocuparem-se da defesa dos acusados. Afinal ninguém mais do que um ex Juiz da casa para saber como se comportam ou pensam os seus pares, quais argumentos podem ser usados com precisão cirúrgica para levar a um parecer favorável em relação aos seus clientes.
Que houve ilícito no tal “mensalão” parece estar bastante claro, tenha do dinheiro saído dos cofres públicos ou de sobras do caixa de campanha ou do caixa 2. Parece, pois quem conhece as teias da lei sabe muito bem contornar o olho do furacão.
Fossem os réus cidadãos comuns e por certo já teriam sido julgados e condenados com a ligeireza peculiar que a lei assume quando se trata de pessoas sem cacife político ou recursos financeiros vultosos.
Fico imaginando se algum desses advogados viria defender-me em qualquer processo por mais simples que fosse.
Se os réus amealharam suas fortunas pessoais no exercício de sua vida pública, seria interessante saber se tal estilo de vida e recursos financeiros está de acordo com os salários recebidos como representantes do povo ou se , como é comum, estão muito além do que nós, reles mortais, conseguiríamos amealhar apenas com tais proventos.
Se são os partidos que estão bancando a defesa de seus filiados, seria interessante saber de onde vem cada centavo investido nesse processo.
Ao fim e ao cabo, de uma maneira ou de outra, parece-me que quem paga a conta ( nada baixa) de tal julgamento é o próprio povo, direta ou indiretamente.
Se forem, por exemplo, financiadores de campanhas, que estão bancando tais custos, com certeza esperam um retorno exponencial mais adiante, seja com a contratação de serviços públicos ou com leis que favoreçam seus próprios interesses.
O certo é que, quem nunca é consultado é o povo. Que é o único patrão que não tem o direito de demitir seus empregados. Afinal, qualquer detentor de cargo público é um empregado da nação, ou seja de cada cidadão que paga seus impostos, no entanto , assim que é empossado, perdemos qualquer direito ou condição de fiscalizar seu trabalho e botá-lo no olho da rua caso não corresponda aos nossos interesses. Temos de aturá-los por quatro longos anos.
Salvador, 04 de Agosto de 2012.