EXERCÍCIOS CRÔNICOS: TROÇA SOBRE O TROCO

Não sei, ninguém sabe, não defini, ninguém definiu. Tenho comigo algumas moedas no bolso, na bolsa e em outros compartimentos. Moedas que pouco valem.

Foi sobra ajuntada, troco dado errado, retorno de valor de algum produto ou serviço. É níquel negado a um errante, trocado guardado no impulso, possível dádiva a ser dada ao caçula, neto, sobrinho, afilhado. Ou a um pedinte.

De repente me pego pensando nesse troco, nessa devolutiva das coisas da vida que a gente adquire e ficam, na relação de valor, com um sobejo a mais, que vira uma mixaria qualquer, "o que eu dei vale mais do que aquilo que você me deu".

E se eu ofertar um poema, aqui, agora, pra você, qual seria o troco que eu mereceria? Aliás, eu teria direito ao troco? Mas, e se esse troco valer mais que meu poema? Pergunto: quem define o valor: o que cria, ou o que vende, quem troca, ou quem consome? Melhor ainda: como definimos valor de um "produto", ou de um "serviço"?

E, pra zuar ainda mais o barraco (como se diz aqui na Sampalândia), pra piorar ainda mais as coisas, penso cá com meus botões: meu serviço vale alguma coisa? Mereço troco?