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O ser humano é mesmo uma caixa de pandora tão rica e poderosa, que nem os adivinhos conseguem saber o que tem dentro.

Desde terna idade tenho dentro de mim o sonho de um dia vir a ser um poeta. De lá para cá, tenho tentado de todas as formas esboçar aquele que seria o meu primeiro verso. Sempre que posso recomeço, faço e desfaço o que estava feito ou desfeito por inúmeras vezes, buscando palavras que venham a dar sentido às minhas ideias. Esta luta ferrenha e feroz, na maioria das vezes, me leva ao chão e mesmo assim, continuo tentando.

Hoje ao abrir a caixa de correspondência, tive a sensação de que algo estranho estava acontecendo no reino da poesia. Uma mensagem me dizia que uma das poetisas mais lúcidas do meu cotidiano estava farta da escrita pois, esta, estava lhe “roubando” todo o tempo do mundo. Dizia, ainda, que ela daria um tempo às rimas. Neste período conturbado da literatura, correspondências como esta não podem ser recebidas como uma simples brincadeira de “amigo-oculto”.

Obviamente não quis acreditar no que li, mesmo porque ela é, sem dúvida uma “bruxa” na arte de fazer versos. Pessoas assim não podem se dar ao luxo de dizer: “não quero mais”. Elas são responsáveis pelos leitores que cativaram ao longo do tempo com suas verdades ou fantasias.

A poesia é uma armadilha poderosa, através dela inúmeras pessoas vêm ocupando espaços preciosos dentro do meu viver e cada vez mais me completam e me guiam como se eu fosse a última parte de uma multidão desgovernada. Nas entrelinhas procuro ler o que lá não está dito, mas subentendido na imaginação daqueles que, de uma forma ou de outra, me conquistaram. Esta minha amiga é uma dessas pessoas, por isso a mensagem me tocou tanto e tão profundamente.

O que é mais interessante nessa história toda é que a nossa amizade é virtual e, em assim sendo, não existe entre nós, qualquer tipo de compromisso. Estou em estado de choque refletindo sobre tudo isso e me perguntando quais são os verdadeiros amigos: os reais que passam por nós todos os dias ou os virtuais como ela, que me comove e faz um bem danado pra minha alma poética?

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 16/02/2007
Reeditado em 11/10/2017
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