SEM ESSA, ARANHA!
ransgredir é estar inconformado com os padrões vigentes e criar algo que viole o sistema, mas que traga um conteúdo novo, uma idéia nova. Na história da humanidade existem vários personagens que transgrediram por indignação e insubordinação. Joana D’Arc, Van Gogh, Leonardo Da Vinci; foram transgressores e, por conta disso, revolucionários.
O transgressor é aquele politicamente incorreto que não liga para as ditaduras do comportamento, do corpo, da moda etc. Coloca-se em oposição ao que é pré-estabelecido e do foro do senso comum.
No Brasil, país pouco dado a grandes personalidades universais, os artistas ocupam o grupo dessas pessoas que “metem o pé na porta” para serem ouvidas e questionarem a ordem estabelecida. Se bem que, há muito tempo, não se vê um movimento intelectual digno de algum registro.
Um dos movimentos culturais que transgrediram foi o Cinema Novo. Um grupo de jovens frustrados com a falência das grandes companhias cinematográficas resolveu lutar por um cinema com mais realidade, mais conteúdo e menor custo. O que esses jovens queriam era a produção de um cinema barato, feito com "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça". Os filmes seriam voltados à realidade brasileira e com uma linguagem adequada à situação social da época. Os temas mais abordados estariam fortemente ligados ao subdesenvolvimento do país. E assim foi.
Cineasta, que incorporou o avesso, a contracultura experimental,o paulista Rogério Sganzerla, de natureza intelectual ligado às vanguardas artísticas mundiais, dirigiu em 1968 o longa O bandido da luz vermelha, causando impacto nas cabeças conservadoras e tradicionais dos “dedo em riste” de plantão. Em 1970 dirige Sem Essa, Aranha que expõe a fome, miséria e desigualdade social que era o carimbo do Brasil militar nos porões da ditadura.
Considero transgressores os contemporâneos Cazuza, Renato Russo, Cássia Eller, Bussunda e Torquato Neto. Porque ousaram no que fizeram com talento, personalidade e aquela necessária e sadia marginalidade.