Lâmpadas Queimadas
Quantas vezes temos sonhos incomuns, que para nosso estarrecimento, acabam tornando-se reais diante de nossos olhos incrédulos? Quantas vezes coisas consideradas estranhas tornam-se parte de nossa realidade por alguns instantes, mas por medo, desconhecimento, incredulidade ou materialismo, varremos para um canto escuro de nossa memória?
A cada vez que fazemos isso, é como se uma luz se apagasse em nós, como nos fios de lâmpadas coloridas que enfeitam uma árvore de natal.
Ou talvez nos sintamos ridículos ao partilhar uma experiência com alguém que nos ouve com atenção, para em seguida, ridicularizar-nos ou jogar um balde de fria lógica sobre o que experimentamos, reduzindo o que sabemos ter sido uma linda experiência, a mero fruto da nossa imaginação. E ficamos incrédulos a respeito de nós mesmos... acabamos achando que realmente, somos 'criativos' demais... e outra lâmpada se apaga.
Dentro em pouco, somos como um fio de lâmpadas queimadas: sem nenhuma luz que nos guie nas incertezas da vida.
Estou certa de que qualquer pessoa - mesmo as mais céticas - se fizerem um esforço, acabarão se lembrando de alguma coisa que consideram estranha. Algo que foi muito importante por algum tempo, mas que depois foi banido da memória - pela própria pessoa ou por outras que a cercam.
Temos certeza de muito pouco em nossas vidas, e mesmo aquilo que consideramos como certo - nosso emprego, nossas relações, o lugar onde moramos - podem ruir a qualquer momento. Ou seja: não temos certeza de nada. Por isso, devemos contar com a nossa intuição. Acreditar naquilo que está por trás do que chamamos de acaso. Crer em um propósito para a vida, algo que nos ampare e proteja.
Eu sinceramente, não acredito que sejamos como planetas em um universo solitário, apenas sujeitos à ação de buracos negros e meteoros que podem nos atingir. Temos como desviar. E quando não, temos de onde buscar forças para recomeçar. Porque precisa ser assim!
Mas precisamos manter todas as lâmpadas do nosso fio funcionando. Precisamos ter algo a mais do que simplesmente fé. Precisamos ter certeza! Mesmo quando sabemos que de nada sabemos.
Adoro a alegoria das Brumas de Avalon, que tornou-se um lugar imaginário, envolvido pelas brumas, de modo que nenhum ser humano pudesse alcançá-lo e contaminá-lo através de sua incredulidade. Precisamos ter nossa Avalon dentro de nós, e protegê-la sempre da contaminação pelos incrédulos e cínicos.