EMPATIA

Hoje acordei com a alma dorida!

Coloquei-me no lugar de uma mãe que teve seu menino arrastado, de forma violenta e covarde, pelas ruas de uma cidade dita “maravilhosa”!

Uma mãe que lutara bravamente, mas fora vencida pelo dragão da crueldade!

Minh’alma, até então dourada, tornou-se vermelha, da cor do sangue vivo que fora derramado no asfalto. O brilho dos meus olhos se apagou. Tudo era trevas. Perdi o chão.

Permaneci assim por algum tempo, tentando escutar a voz do meu coração. Após alguns segundos ouvi um grito desesperado:

Vingança!

Senti-me um dragão expelindo labaredas gigantes acompanhadas de uma fumaça negra, cujo cogumelo podia ser visto a quilômetros de distância. Minh’alma estava enegrecida! Eu já não era mais o “Anjo Dourado” que os amigos conheciam. Meu coração estilhaçado estava em pânico! Urrava feito louco!

Deixando o lado emocional, decidi aconselhar-me com o espiritual. Elevei os olhos para os céus, orei e roguei a Deus por uma resposta. Senti um frio na espinha e vi raios de um grande sol tentando irromper as nuvens de fumaça negra, que o meu dragão exalara. Eu estava por demais ferida para atentar para o brilho daquela luz.

Sentia forte, na pele, a dor da pobre mãe e todo o seu desespero. Orei sem parar, horas a fio. Entre uma oração e outra nada ouvia senão a palavra:

Justiça!

Que loucura! Que indecisão! Vingança e justiça não combinam. Ou se é justo ou se é vingativo.

Consultei, então, o meu lado racional. Ele haveria de ter uma resposta razoável para sanar aquela minha dúvida e

aplacar a minha ira.

Ainda vestida com a pele da fera ferida, consciente de que havia feito o que de melhor pudera, de haver lutado com todas as minhas forças para salvar a vida do meu menino e que nada mais poderia fazer, rendi-me à tristeza e à solidão daquele momento.

Percebi meu coração chorar. Eram lágrimas de sangue escorrendo por todo o meu corpo. Ao depositarem-se no chão desenhavam letras formando as sentenças:

NÃO À VIOLÊNCIA!

ABAIXO A IMPUNIDADE!

E, descartando a emoção, seguindo os conselhos da razão, abandonei o desejo de vingança e roguei por JUSTIÇA e PAZ - dos homens e de Deus!

MARIA GORETI ROCHA

Vila Velha/ES - 14/02/07

Maria Goreti Rocha
Enviado por Maria Goreti Rocha em 15/02/2007
Reeditado em 05/01/2011
Código do texto: T382464
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