METAMORFOSE CRUCIAL

Algumas vezes o tempo é curto, não damos conta de tudo, tentamos, mas nem sempre dá. Como hoje, acordei em cima da hora e sei que horário é horário, porém eu começo a funcionar depois das nove ou dez não costumo observar muito bem porque o tempo ta passando e eu preciso ir. Estava eu na rua, descabelado, com o terno abotoado errado, meia de cores diferentes, pasta de trabalho embaixo do braço e assim ia indo, passou o vento e levou um ou dois papéis que levava comigo, mais um senhorzinho muito simpático me alcançou, agradeci e continuei meu caminho.

Senti algo posar no meu cabelo, na verdade achei que era o estado do cabelo mesmo, precisaria ajeitar assim que chegasse ao escritório, voltei a sentir algo sobre mim, e a frente dos meus olhos uma borboleta de asas coloridas sobrevoava meu corpo, parecia dançar a minha frente, uma sincronia, um bater de asas que jamais havia visto, pois não costumo prestar muita atenção a esse tipo de coisa, tenho pressa e o tempo nunca me deixa, tenho pressa já disso isso antes?

A beleza da pequena borboleta me era familiar, lembrei-me de uma grande pessoa, a grandeza que digo não me refiro ao tamanho, ela é grande, grande de coração, não deseja mal a ninguém ou se deseja é passageiro, não costuma acumular más intenções dentro do grande coração.

Cheguei ao escritório sentei e parecia não estar ali, meu pensamento ainda voava como a borboleta que havia encontrado a pouco lá fora na esquina em que dobrei a uns dez minutos atrás, antes mesmo de abrir a pasta que carregava comigo percebi algo se debatendo sobre ela, coloquei a pasta sobre a mesa de trabalho e a borboleta estava ali, esquisito. Fiquei observando-a, tirei um tempo só pra ela, e me lembrei de como a metamorfose que ela passou um dia era parecida pela qual eu me encontrava e não sabia, na verdade deveria saber, mas o tempo não deixava, não culpo o tempo porque é a gente mesmo que se deixa levar e se enquadrar às vezes em normas, regras, papéis sociais e não tenta mudar muitas vezes. Um dia aquela borboleta que não tinha as asas relativamente do mesmo tamanho foi uma lagarta teve que passar por um processo viveu por um tempo em um casulo e depois saiu, se desprendeu, se libertou e voou, já fomos uma lagarta, estamos no processo e precisamos ser livres também, precisamos nos encontrar dentro de nós mesmos, as respostas estão ai, não nego que é difícil ouvir a bendita voz interior mas se fizer um esforcinho pode ser que você ouça, a mente ás vezes grita como se quisesse nos confundir, e fazer com que ela permaneça em silencio não é nada fácil, tenta, pode ser a última etapa da qual eu, você, e todos precisamos nesse momento: ouvir a si próprio.

Me senti como nesses filmes infantis em que a criança precisa de um beliscão pra poder acordar e ver que tudo é realidade, na hora não me doeu nada e tive uma sensação estranha.

Fim de expediente, hora de voltar para casa.

Caminhava como se estivesse nas nuvens, sobre grandes almofadas ou sobre algodão, estranho descrever esse tipo de sensação, porém foi o que aconteceu, a belíssima borboleta não deixara de me acompanhar, e fui relembrando dos últimos acontecimentos, nem tudo são flores, ou são, mais flor também tem espinhos e deve ser por isso que por mas que a vida seja bonita vez ou outra a gente se machuca, fica triste ou se desanima das mesmices e das preocupações que parecem não ter soluções.

Vanderlei Woytowicz
Enviado por Vanderlei Woytowicz em 11/08/2012
Código do texto: T3824397
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