Por trás de um grande louco, sempre há uma mulher.

Desde que o universo é universo, as mulheres sempre estão dois quilos acima do peso. As gordurinhas indesejadas estão em locais imperceptíveis a olho nu. Locais em que só um olhar clínico e treinado poderia detectar. No entanto, elas teimam em enxergar dois quilos onde não existe. E é aí que está a raiz de todo o problema: imaginar coisas que não existem. Ainda jovens, elas começam com essa paranoia de que estão sempre gordas e blá, blá, blá.

Você arranja uma namorada. Algum tempo depois, ela começa a achar que você tem uma amante. Pergunta quem é a mocréia com quem você está se encontrando, se ela possui residência fixa, há quanto tempo se conhecem e até mesmo pergunta qual o peso corporal da amante. A sequelada faz tanta pressão psicológica que até você mesmo começa a achar que tem uma amante. É o primeiro sinal, meu caro. Ela está deixando você louco.

As coisas vão piorando. Em seguida, ela passa a acreditar que as roupas que têm não são suficientes, mesmo com o guarda-roupa, closet e cômodas abarrotados de peças que foram usadas apenas uma vez. Duas no máximo. Precisa de mais, muito mais. Está sedenta por novos modelitos. Já possue tanta roupa, que os cartões de crédito dela estão com os limites estourados

Só resta uma saída: o seu cartão de crédito, a carta branca para adquirir duas peças novas de tudo que ela já possue em abundância. shorts; regatas; lingeries; calças jeans; vestidos para o dia; vestidos para noite, vestidos para festas, vestidos para churrasco, vestidos de domingo, vestidos para usar quando for comprar um vestido, vestidos feitos de vestidos, e por aí vai.

Agora, cheio de dívidas e roupas femininas em casa, você passa a chegar ao trabalho mais cedo e fica até mais tarde fazendo hora extra para pagar as roupas que foram adquiridas pela esposa desatinada. Para diminuir custos, parou de frequentar a academia e se alimenta mal por passar a maior parte do tempo trabalhando, além estar exausto demais para jogar aquela clássica pelada nos fins de semana, que ajudava a manter a boa forma.

Já num estado de calamidade matrimonial, o agravante passa a ser a ação da lei da gravidade. Pés de galinha, queixo duplo, cabelo quebradiço, busso enrugado e olheiras são as ilusões que começam a atormentar a criatura feminina. Ela leva você a níveis extremos de loucura por causa das rugas e afins.

Cremes e mais cremes invadem as prateleiras do seu banheiro. Você já nem consegue achar coisas básicas, como o barbeador e a sua escova de dentes. Avon daqui. Natura de lá. Jequití no meio. Uma variedade de cremes. Existe até creme cor de creme para usar antes de um creme, e o nome do cosmético é "O Creme". Todos comprados a prazo. E as dividas aumentando...

Você, com as finanças esgotadas, começa economizar nos gastos com a alimentação. Passa a adotar a barateada farinha de mandioca como complemento nas refeições, uma das potencializadoras do efeito estufa estomacal, além de alimentos altamente gordurosos que influenciam diretamente no aumento da circunferência corporal.

Agora, parece que toda a gordura do planeta está no seu abdômen. Você representa a aparência de um veterano de guerra e sem dinheiro. Em contrapartida, ela mantém-se formosa, pernas torneadas, cabelos sedosos, corpo esguio e a pele esticada, como papel filme na cumbuca.

E então, acontece o pior. A criatura artificializada começa a reclamar que você não se cuida mais, que ficou barrigudo, que perdeu a vaidade, que nem futebol joga mais, e que desse jeito vai acabar ficando sozinho. E é isso que acontece. Com você desfigurado e em decomposição ainda em vida, ela parte para o mundo. Leva as roupas e os cremes e deixa para você as rugas de preocupação, cartões de créditos estourados, 20 quilos a mais e uma amante imaginária como companhia.

Paulo Marinho Junior
Enviado por Paulo Marinho Junior em 10/08/2012
Reeditado em 10/08/2012
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