UM HOMEM QUASE MENINO

Foi muito interessante à maneira como o conheci, e talvez tenha sido essa maneira que me levou a admirá-lo muito, claro que não de imediato. A admiração que tenho por ele surgiu com o tempo, à forma que se mostrava e deixava transparecer seu caráter e humildade, às vezes parecia infantil e outras vezes até ingênuo, mas sempre se mostrava um homem de valor e talvez um menino cheio de humor.

Eu o conheci em um treinamento que fomos fazer para trabalhar como vendedor externo de uma concessionaria Honda, no sertão da Paraíba. Era um trabalho cansativo, vendíamos consórcios de motocicletas. Todos os candidatos estavam bem vestidos, mas ele parecia o diretor da empresa, muito mais elegante que todos ali. E eu já fui logo pensando, fazendo uso do tão conhecido PRECONCEITO “esse ai só quer ser melhor que todos aqui, que cara arrogante” recordo-me que foi exatamente isso que pensei.

Passamos toda a manhã com o gerente de vendas do setor conhecendo o produto, e quase nada ali foi dito senão o que se referia ao produto. Além de mim e do Homem quase menino sobre quem escrevo, estavam também três candidatos, dos quais dois permaneceram e trabalha conosco até hoje, e o outro desistiu, não sei o porquê. Até aquele momento meu conceito a respeito dele estava formado e eu não mudaria jamais, pensamento que se modificou com o passar dos dias e com a convivência. Descobri que ele era um cara legal e muito divertido, às vezes as pessoas confundem sua bondade com ingenuidade, mas isso não diminui em nada o homem que ele é, ou o menino que tenta ser.

Ás vezes tenho que engolir algumas situações que desce rasgando na garganta, e que me faz sofrer por ferir meu orgulho. É nesses momentos que me lembro dele, de sua maneira de lidar com os problemas e do orgulho que parece não ter, ou que controla muito bem, então eu penso que se ele consegue também posso conseguir e acabo por suportar situações que em vez de ferir meu orgulho, mata-o.

Quando penso o quanto sua influência me fez bem, fico a imaginar a forma que o julguei quando lhe vi pela primeira vez, e isso me faz ver o quanto o preconceito é ruim para nossa sociedade. Chego a pensar na quantidade de amizade que deixa de existir por falta de diálogo, por termos sempre opinião formada sobre as pessoas. Já pensou como isso é ridículo.