REFLETINDO
Quero jogar conversas fora todos os dias, fazer sorrir às pessoas-estátuas que não riem em virtude de alguma enorme tristeza que as assoberbou, desejo sair pelas ruas cantando músicas bobas somente para chamar a atenção dos corações apaixonados, anseio abraçar repentinamente quem estiver feliz e, com gestos de ternura, consolar as multidões desoladas. Pretendo ser o vate a levar ao mundo incomensuráveis rios de poesia, brisas de versos, nuvens densas de alegria, céus abarrotados de fantasia, planícies parindo fascinações.
Quero escrever sobre alguns instantes, sublimes ou não, feios ou bonitos, ternos ou tristes, loucos ou pragmáticos, jogar palavras sobre o prazer de andar em meio a lama e salpicar o rosto sorridente, sobre voar na imaginação e espalhar pensamentos por intermédio de novos horizontes, sobre sair por aí e abraçar pessoas sem mais nem menos, sem explicar nada, emudecido, apenas exalar o perfume da amizade, sorrir repentinamente e também derramar lágrimas como se fossem mananciais de ternura, sobretudo sobre o nada e o tudo, a vida e a morte, a dor e o prazer, a fome e o glutão. É isso, enquanto vou pensando e escrevendo, esvaio-me de mim mesmo, sonho, canto, grito, choro, amo e odeio, e meus dedos vão dedilhando à toa à medida que o coração estoura de emoção e a mente fervilha desnorteada. Anseio viver o clímax do Nirvana e fazer detalhado relato desse momento inesquecível. Escrever é uma catarse!
E quero tudo porque gosto da brisa afagando suavemente os seus cabelos sedosos acabados de escovar, do perfume das rosas exalando através de seu sorriso, de seu olhar insinuante me convidando para as melhores emoções, e também gosto do vento forte balançando fragoroso as palhas dos coqueirais, os galhos das árvores, fazendo as ondas do mar arrebentar nas rochas e provocando um estrépido que chega ao céu, e gosto da vida que se transforma em amor, do amor que se espalha em derredor, da dor que termina, do gozo permanente, do sorriso brilhando constante nos rostos felizes. Quando o silêncio se manifestar insolente, vou falar sobre abraços fraternos, ósculos puros, sorrisos verdadeiros.
Em meio a tudo isso, vale, por fim, deixar explícito que sexo não é somente uma questão de segurança, mas principalmente de responsabilidade. Pois nós não somos irracionais para sair por aí acasalando e esquecendo que a gravidez pode acontecer ante o menor descuido, gerando uma vida muitas vezes indesejada. Mas se ela acontecer, porque as genitálias masculinas e femininas estarão entrelaçadas, encaixadas e se amando, fique bem claro que os dois "pombinhos", que acharam tão bom praticar o sexo, tratem de criar o rebento fruto desse ato.