O maior júri popular do mundo
Naquele momento, diante de uma decisão, toda concentração é necessária. A pressão, sem dúvidas, equivale-se ao nervosismo. É tudo ou nada. Qualquer erro, fatal. Só a medalha de ouro tem valor.
Para o Brasil, nada menos que a perfeição é aceito. A nação que mais cobra o perfeccionismo no contexto esportivo. 200 milhões de juízes.
Nos quatro anos que antecedem os jogos olímpicos, a nação posterga seus atletas.
Alguns são exilados. O regime de esquecimento perdura até as competições. Num dado momento, o Brasil inteiro volta as atenções para os atletas.
E para o esportista, as sensações são as mais intensas. O coração acelera; os olhos se mantêm fixos, atentos; o suor lava o corpo; as pernas anseiam em tremular; a respiração é profunda; As palmas eclodem nos ouvidos.
Contudo, um erro é cometido. Um lugar no pódio, se não o mais alto, é desprezível. O choro angustiado congela a alma. O atleta sabe que para os brasileiros foi configurado um crime. Agora, terá que ser julgado.
Uma nação pronta para bater o martelo. Não precisa advogar em causa própria, a medalha olímpica que não brilha dourado o declara culpado. Acaba ali, naquele momento, o principio da presunção da inocência.
Em nome da perfeição, o réu é considerado culpado. Fadado ao ostracismo perpétuo. Vendido na mídia como perdedor.
Um momento adequado para se criar a simbólica Lei Hypólito de normas gerais sobre os desportos olímpicos, que, em um de seus incisos, diria que todo o atleta, sem exceção, tem amplo direito de não ser "o Pelé" das suas respectivas modalidades.