Essa mania de pensar...
Estou numa dessas crises de falta de inspiração crônica,não sei sobre o que escrever ou o que falar,chega a doer sabe, especialmente pra mim que raramente consigo expressar minhas emoções. Imagens,referências tenho aos montes ,música,arte essas coisas sempre serviram de estímulo para mim mas ultimamente tenho me sentido oca,seca,sede no deserto...
Esses dias um desses parentes distantes que são os melhores pois estão sempre lá,longe, resolveu dar o ar de sua graça,pra que? Eu não estava precisando de companhia e sim de inspiração,chegou tocando o terror. E aí Aninha ta ouvindo o que ?
Poucos dias atrás perdi todos os meus arquivos de música,talvez venha daí minha crise criativa,nessa manhã em questão a tragédia ainda não havia ocorrido e eu ouvia Emicida no meu som,curtindo calma as letras incríveis de um cara humilde e extremamente talentoso que veio da realidade nua e crua de São Paulo.
–Aí menina tu não é rockeira e tais escutando isso?
Pra quê ela foi dizer isso. Cinco segundos,cinco segundos passando e pelo menos seis respostas diferentes para esta pergunta inútil e preconceituosa,numa boa preferia que ela tivesse me perguntado a raiz quadrada de 999,seria menos complicado e menos perigoso de responder. Ah o sorriso,há pessoas com a habilidade inata de dar um simples sorriso e estragar o seu dia, nos recantos mais escuros procurei o meu desses e dei. Queria entender de onde as pessoas tiram a idéia de que quem ouve Rock não pode ou não deve ouvir outros estilos de música,desde que comecei a ouvir Rock tratei como uma forma de me expressar e libertar a minha mente e as coisas que nunca pus pra fora,por medo,por ter sido mal tratada pode ser, mas Música pra mim sempre foi uma forma de libertação. A resposta foi simples,mal educada talvez mas é assim que eu vou responder agora. – Tô ouvindo porque eu quero,e o que você tem a ver com isso? Pai veio de lá e respondeu: - O mau humor é o mesmo,sempre, essa menina vai ficar velha antes do tempo. Talvez pai,mas há situações na vida que a gente tem que ter tolerância zero, tem que ser assim, eu respeito as pessoas ,respeito mesmo procuro me meter o mínimo na vida das pessoas que eu gosto porque acredito que se elas vem a mim é porque apreciam minha companhia ,respeito e confiança são coisas que demoram pra gente conquistar e segundos pra perder. – E você não é gótica? -
- Defina gótico querida.
– Você.
Triste,isso sim é triste, uma pessoa tentar te definir numa palavra sem nem mesmo saber o que ela significa. Ultimamente nem eu sei quem sou, questiono minhas idéias,os valores que sempre me moveram,meus sonhos ...Tudo virou uma pergunta na minha cabeça,eu penso,repenso e nada de respostas,nenhuma lucidez. Esse foi um daqueles momentos estranhos e definitivos,naquela pergunta eu consegui enxergar muita coisa,talvez até um pouco de mim que eu fazia questão de não olhar no espelho há algum tempo, o questionamento,o confronto deflagrado por uma palavra simples ,dita a esmo como uma forma de socializar, de chamar atenção ou provocar,será que era isso? Era essa a intenção? Pode ser. Parente querida a verdade é que nem eu sei quem sou. E quanto ao que eu escuto,desculpe, isso é problema meu, a máscara dela caiu,uma das minhas também então estamos quites. Será? Eu digo uma máscara porque me sinto nua diante de certas pessoas, dentre essas a parente acima citada,porque nos conhecemos desde sempre e ela foi uma das poucas que aceitou ou fingiu aceitar minhas mudanças de comportamento e personalidade para construir o que eu sou hoje, ou o que fui até agora.