Quem te viu e quem te vê

Considerado um baluarte da moralidade e defensor das causas populares, com amplo currículo nas portas das indústrias e repartições públicas, sempre defendendo de forma contundente os anseios sociais e as injustiças do proletariado nacional. Assim, um político de esquerda, dando uma de socialista, tinha o seu nome como envolvido em ligações com o Partido Comunista, considerado como “perigoso subversivo”. Na época, o pretenso esquerdista tentou edificar a sua trajetória política com discursos inflamados e imbuídos nestes segmentos, conseguindo assim atingir o ápice de sua vida pública e destaque na escala social.

Um dos fundadores do PT em Pernambuco, elegeu-se assim, com milhares de votos, para vereador da cidade do Recife. A população assistiu atônita à sua defesa em prol do aumento da taxa de iluminação, não se importando com a repercussão no bolso do trabalhador, não obstante a todas as dificuldades impostas pela política injusta e desumana à qual vêm sendo submetidos todos os trabalhadores e desempregados, onde qualquer aumento significa mais um ônus a pagar, como se não bastassem os inúmeros tributos e impostos exigidos a quem não tem mais de onde tirar. Lembram? Eu, lembro até do modo autoritário como ele mandou esvaziar a tribuna da Câmara, onde um grupo de teatro fazia uma encenação sobre o tema. Entrevistado, disse que aquele elenco era “uma turma fracassada que queria cinco minutos de fama”. Tão longe está de saber que na Grécia Antiga, berço da democracia, as pessoas se manifestavam e protestavam contra o governo através do teatro. Com relação à fama, ela é possível em todos segmentos humanos, ao contrário do sucesso, que exige talento. Até um hediondo criminoso consegue atingir os seus momentos de fama.

Fazendo-nos acreditar em sua falácia, o aludido politiqueiro conseguiu apenas atingir a fama, mas muito longe ele está do sucesso, colocando as manguinhas de fora ao defender o famigerado aumento das taxas de preços das mercadorias na vida da sofrida gente do paupérrimo Grande Recife. Uma autêntica cusparada na cara dos seus eleitores, que acreditaram no seu discurso, e deslumbrando uma luz no fundo do túnel.

São atitudes como essas que contribuem, de forma contundente, com a falta de credibilidade de nossos políticos juntos à população, nos passando a sensação de que o poder, que deveria emanar do povo, passa a ser um jogo de interesses escusos e pessoais e não mais que isso ou, pior, que essa corja representa os anseios populares. Por outro lado, há muito se discute no seio da sociedade essa politicagem, que vem demonstrando ao longo de sua história um verdadeiro festival de imoralidade, nepotismo e corrupção. Inclusive, nos fazendo lembrar do velho adágio popular que diz: “todo político calça quarenta”. E ainda dizem que o povo sabe votar. Eu, hein...!

José Calvino
Enviado por José Calvino em 07/08/2012
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