CRÔNICA – O Mensalão
CRÔNICA – O mensalão – 06.08.2012
Eu considero que a participação do Procurador Geral da República, Doutor Gurgel, foi deveras eficiente no seu pronunciamento, em plenário, no início do julgamento do cabeludo caso do “mensalão”, que explodiu no governo do nosso operário Lula da Silva e que se transformou num dos maiores esquemas de enriquecimento ilícito deste país, embora venha atualmente sendo superado por outros de maior relevância. Aliás, esse mensalão é tão vergonhoso que ninguém ousou colocar tal palavra no nosso dicionário.
Confesso, desde logo, que não tenho boa impressão do ex-super-ministro José Dirceu, que à época comandava a Casa Civil, portanto o de maior poder dentre todos os que exerciam seus ministérios. Digamos que ele era a segunda pessoa do Presidente da República, e somente olhando por esse lado poder-se-ia plenamente concluir que estava abaixo de um chefe, de um comandante que “não” sabia de nada do que se passava dentro do Palácio do Planalto, e isso cansou de dizer, apesar do escândalo se passar ali em frente de suas barbas. Seria parecido com um dono de casa em que cego estivesse para as irregularidades que ocorriam em seu próprio lar. A meu pensar, o Lula, que foi amplamente votado aqui em casa, deveria ter constado da CPMI dos Correios, mas é claro que em sendo presidida por um senador do PT, tendo como relator um deputado do PMDB ele jamais poderia ter seu nome embutido como participante daqueles golpes e ladroagens, puras safadezas. Preferiram acreditar nas palavras do deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB àquela época, que jurou de pés juntos que o Lula não sabia de tal desordem. Resultado: Teve seu mandato de deputado cassado por seus colegas.
Também achei que fossem necessárias cinco horas de pronunciamento para reforçar mais ou menos o que o ministro Joaquim Barbosa já havia citado em sua peça processual aceita pela maioria da Casa do STF. Aliás, há uma máxima em direito que diz: “O que abunda não prejudica”, e confesso tenho certa desconfiança de que todos serão inocentados até mesmo por “falta de provas”, embora elas estejam pujantes nesse rumoroso processo. Também ando enojado pelo fato de autoridades de grande expressão da república tenham se bandeado para tentar tornar esse julgamento mais um daqueles em que são levados por boas conversas. Esse prazo avantajado, aparentemente, foi até pequeno, eis que se levássemos em conta que foram acusados 38 o tempo necessário seria de trinta e oito horas, isso considerando uma hora para cada delinquente nessa lide.
Gostei da postura do Presidente do STF quando, a pedido do advogado defensor do Marcos Valério, pediu a palavra e solicitou do Exmo. Doutor Carlos Ayres Brito, grande jurista sergipano, que lhe fosse dado igual tempo para que pudesse defender seu constituinte, todavia fora indeferido de plano, até porque essa decisão já havia sido tomada em reunião interna desse tribunal.
Um posicionamento que me deixou perplexo foi o do ministro Ricardo Lewandowski, quando propugnou que o processo fosse desmembrado numa porção de “processinhos”, destinando-se alguns aos juízes de primeiro grau; evidentemente que aí nessa apelação poderia estar embutida a facilidade com que criminosos conseguem manobrar a justiça, notadamente em seus próprios domínios. Claro que o doutor Barbosa poderia ter sido mais calmo ao discutir o assunto, mas é plenamente aceitável a sua indignação com certas posições que são tomadas por colegas seus de Supremo Tribunal Federal.
Tenho para mim que dos onze ministros que têm assento na Casa, a maioria nomeada pelo governo do PT, somente quatro vão acompanhar o pedido do Procurador Gurgel, opinando pela punição cabível e necessária para aos poucos o Brasil se assentar nos trilhos de um país idôneo e maduro; mas o resultado final seria 7 x 4, isso se o doutor Peluso tiver oportunidade de votar, pois sua aposentadoria compulsória está chegando por esses dias, lá para o final do mês, e é justamente nisso que estão trabalhando os que não têm interesse em tentar dar um basta na corrupção que funciona em todos os níveis do poder brasileiro.
Mesmo que sejam condenados, vale ressaltar que há aqueles que são primários (isso porque foram pegos depois de outros crimes), e assim vão responder em liberdade, porquanto a lei os abriga no particular. Mas há um porém, qual seja o de não poderem ser candidatos ou de receber o diploma, em caso de ganhar as eleições, isso por absurdo.
Fiquei muito emocionado quando, em entrevista, o advogado do Delúbio Soares afirmou que ele de nada se locupletou, tanto é assim que mora na casa de sua sogra. Coitadinho! Perguntado, então, quem estaria pagando os honorários advocatícios a resposta veio em cima da bucha: “Isso é questão de ética” e não se pode publicar. Nisso o doutor Malheiros está repleto de razões.
Derivando um pouco, mas falando em política, nessa madrugada eu sintonizava um programa de entrevistas, da TV SENADO, e na ocasião estava sendo entrevistado o doutor Mauro Paulino, diretor do Instituto de Pesquisas “Data Folha”, que mencionou várias vezes a queda nas pesquisas por parte do Serra e o aumento percentual do petista candidato à Prefeitura de São Paulo, o ex-ministro da educação Haddad, o pior de todos os tempos, eis que nas suas gestões foram pegos inúmeros escândalos em exames e vestibulares sob comando da sua pasta. Mais uma vez o governo conseguiu derrubar todos os processos, que geralmente eram decididos pelos TRF daqui do nordeste, especialmente o de Pernambuco, em desprestígio a decisões oriundas da justiça de Fortaleza, por exemplo.
Esse tal Mauro Paulino sabe que declarações como as suas podem fazer opinião pública e até mudar a intenção de votos dos brasileiros, notadamente dos analfabetos; além do mais, não é justo que uma empresa, qualquer que seja, ocupe o tempo da televisão para falar abertamente de política, citando nomes de candidatos, perspectivas, etc. Pelo que entendi ele pode ser torcedor fanático do governo que aí está, cuja maior obra tem sido escândalos seguidos, um em cima do outro, todos terminando em pizza.
Isso me gerou uma pergunta a mim próprio: Será que o governo gratifica empresas de pesquisas para difundir dados incorretos? Com a palavra os que entendem da matéria...
É por essas e outras razões que tenho vergonha de ser brasileiro.
Confesso, desde logo, que não tenho boa impressão do ex-super-ministro José Dirceu, que à época comandava a Casa Civil, portanto o de maior poder dentre todos os que exerciam seus ministérios. Digamos que ele era a segunda pessoa do Presidente da República, e somente olhando por esse lado poder-se-ia plenamente concluir que estava abaixo de um chefe, de um comandante que “não” sabia de nada do que se passava dentro do Palácio do Planalto, e isso cansou de dizer, apesar do escândalo se passar ali em frente de suas barbas. Seria parecido com um dono de casa em que cego estivesse para as irregularidades que ocorriam em seu próprio lar. A meu pensar, o Lula, que foi amplamente votado aqui em casa, deveria ter constado da CPMI dos Correios, mas é claro que em sendo presidida por um senador do PT, tendo como relator um deputado do PMDB ele jamais poderia ter seu nome embutido como participante daqueles golpes e ladroagens, puras safadezas. Preferiram acreditar nas palavras do deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB àquela época, que jurou de pés juntos que o Lula não sabia de tal desordem. Resultado: Teve seu mandato de deputado cassado por seus colegas.
Também achei que fossem necessárias cinco horas de pronunciamento para reforçar mais ou menos o que o ministro Joaquim Barbosa já havia citado em sua peça processual aceita pela maioria da Casa do STF. Aliás, há uma máxima em direito que diz: “O que abunda não prejudica”, e confesso tenho certa desconfiança de que todos serão inocentados até mesmo por “falta de provas”, embora elas estejam pujantes nesse rumoroso processo. Também ando enojado pelo fato de autoridades de grande expressão da república tenham se bandeado para tentar tornar esse julgamento mais um daqueles em que são levados por boas conversas. Esse prazo avantajado, aparentemente, foi até pequeno, eis que se levássemos em conta que foram acusados 38 o tempo necessário seria de trinta e oito horas, isso considerando uma hora para cada delinquente nessa lide.
Gostei da postura do Presidente do STF quando, a pedido do advogado defensor do Marcos Valério, pediu a palavra e solicitou do Exmo. Doutor Carlos Ayres Brito, grande jurista sergipano, que lhe fosse dado igual tempo para que pudesse defender seu constituinte, todavia fora indeferido de plano, até porque essa decisão já havia sido tomada em reunião interna desse tribunal.
Um posicionamento que me deixou perplexo foi o do ministro Ricardo Lewandowski, quando propugnou que o processo fosse desmembrado numa porção de “processinhos”, destinando-se alguns aos juízes de primeiro grau; evidentemente que aí nessa apelação poderia estar embutida a facilidade com que criminosos conseguem manobrar a justiça, notadamente em seus próprios domínios. Claro que o doutor Barbosa poderia ter sido mais calmo ao discutir o assunto, mas é plenamente aceitável a sua indignação com certas posições que são tomadas por colegas seus de Supremo Tribunal Federal.
Tenho para mim que dos onze ministros que têm assento na Casa, a maioria nomeada pelo governo do PT, somente quatro vão acompanhar o pedido do Procurador Gurgel, opinando pela punição cabível e necessária para aos poucos o Brasil se assentar nos trilhos de um país idôneo e maduro; mas o resultado final seria 7 x 4, isso se o doutor Peluso tiver oportunidade de votar, pois sua aposentadoria compulsória está chegando por esses dias, lá para o final do mês, e é justamente nisso que estão trabalhando os que não têm interesse em tentar dar um basta na corrupção que funciona em todos os níveis do poder brasileiro.
Mesmo que sejam condenados, vale ressaltar que há aqueles que são primários (isso porque foram pegos depois de outros crimes), e assim vão responder em liberdade, porquanto a lei os abriga no particular. Mas há um porém, qual seja o de não poderem ser candidatos ou de receber o diploma, em caso de ganhar as eleições, isso por absurdo.
Fiquei muito emocionado quando, em entrevista, o advogado do Delúbio Soares afirmou que ele de nada se locupletou, tanto é assim que mora na casa de sua sogra. Coitadinho! Perguntado, então, quem estaria pagando os honorários advocatícios a resposta veio em cima da bucha: “Isso é questão de ética” e não se pode publicar. Nisso o doutor Malheiros está repleto de razões.
Derivando um pouco, mas falando em política, nessa madrugada eu sintonizava um programa de entrevistas, da TV SENADO, e na ocasião estava sendo entrevistado o doutor Mauro Paulino, diretor do Instituto de Pesquisas “Data Folha”, que mencionou várias vezes a queda nas pesquisas por parte do Serra e o aumento percentual do petista candidato à Prefeitura de São Paulo, o ex-ministro da educação Haddad, o pior de todos os tempos, eis que nas suas gestões foram pegos inúmeros escândalos em exames e vestibulares sob comando da sua pasta. Mais uma vez o governo conseguiu derrubar todos os processos, que geralmente eram decididos pelos TRF daqui do nordeste, especialmente o de Pernambuco, em desprestígio a decisões oriundas da justiça de Fortaleza, por exemplo.
Esse tal Mauro Paulino sabe que declarações como as suas podem fazer opinião pública e até mudar a intenção de votos dos brasileiros, notadamente dos analfabetos; além do mais, não é justo que uma empresa, qualquer que seja, ocupe o tempo da televisão para falar abertamente de política, citando nomes de candidatos, perspectivas, etc. Pelo que entendi ele pode ser torcedor fanático do governo que aí está, cuja maior obra tem sido escândalos seguidos, um em cima do outro, todos terminando em pizza.
Isso me gerou uma pergunta a mim próprio: Será que o governo gratifica empresas de pesquisas para difundir dados incorretos? Com a palavra os que entendem da matéria...
É por essas e outras razões que tenho vergonha de ser brasileiro.
Ansilgus
Em revisão
Foto: Internet