ENCONTRO OCASIONAL



 
 
A minha primeira filha, quanta felicidade em encontrá-la inesperadamente.
Eu amei, e amei o que já era amado.
Abracei, seu corpo está magro. Peguei suas mãos nas minhas, como se fosse dia seguinte.
Beijei com amor de mãe.
Ela aceitou como filha.
Perguntei direto, cru,
 _ a cabeça como está?
_ Dói, disse ela.
Eu: _ E o resto, a saúde?
Ela: _ O mesmo, mas já acostumei.
 
 Tratei-a com carinho, juntinho, pegando as mãos, abraçando de novo, e proclamando na festa,
EU A AMO MINHA FILHA!
 O neto junto, adolescente de quinze anos, é que estava meio recebiado, como não entendendo nada.  Estava meio sério. O abraço fraco. Talvez triste, não sei. O inusitado para ele não fez sentido e me amou menos desta vez. Não me olhava dentro dos olhos me olhando e me vendo, olhando o que era que acontecia na sua vida, com sua mãe junto à avó.  Ela estava triste. Todos a acharam triste.
Eu abracei de novo, junto com os irmãos, e a emoção quis transbordar. Soltei pouquinho, mas venceu a grande alegria, Eu a amo, a minha filha, ela, a minha filha.
E agora escrevo relembrando como ela era saúde e beleza, arte e talento.

Aonde foi a alegria dela?

 
                                                   *** lela ***