A ANDORINHA E O CONDOR

CHEGARA A PRIMAVERA, E COM ELA AS ANDORINHAS. EM BANDO, SEMPRE ALEGRAM NOSSAS TARDES. SÃO AVES QUE MIGRAM DE UMA REGIÃO PARA OUTRA, SEMPRE À PROCURA DE BOM TEMPO. LEMBRA-NOS AQUELA QUADRINHA FAMOSA, NÃO ME LEMBRO DO NOME DO AUTOR: “AMIGOS SÃO TODOS AQUELES – COMO AVES DE ARRIBAÇÃO – SE FAZ BOM TEMPO ELES VÊEM – SE FAZ MAU TEMPO, ELES VÃO”.

MAS, NÃO É QUE VINHA OBSERVANDO UMA ANDORINHA QUE TEIMAVA EM DAR VÔOS RASANTES EM MEU QUINTAL? ERA SÓ ABRIR A PORTA DA COZINHA E CHEGAR NA ÁREA DOS FUNDOS, QUE LÁ ESTAVA ELA, ATACANDO A QUEM SE APROXIMASSE. PESQUISANDO, DESCOBRI QUE ELA ESTAVA FAZENDO SEU NINHO NUM BURACO DO MURO DE ARRIMO, PRÓPRIO PARA ESCOAMENTO DE ÁGUAS. COMO TAL BURACO SEMPRE ESTAVA SECO, POIS QUE NUNCA SERVIRA AOS SEUS PROPÓSITOS, O PÁSSARO RESOLVERA “ALUGAR” TAL LUGAR, QUE ERA MUITO BAIXO, CERCA DE UM METRO DE ALTURA.

AS DEMAIS ANDORINHAS FAZIAM SEUS NINHOS NOS BEIRAIS DAS CASAS, LÁ NO ALTO, PARA PROTEGER SUA NINHADA, MAS, ESSA DESCUIDADA, TALVEZ POR GOSTAR DE FACILIDADES, JÁ QUE NO BURACO JÁ HAVIA RESTOS DE MATO SECO, RESOLVERA APROVEITAR TAIS MORDOMIAS E LÁ SE ESTABELECEU.

TODOS OS DIAS OBSERVAVA O ENTRA E SAI DA AVE. JÁ DEVIA TER FILHOTES NO NINHO, POIS OUVIA CHILREADOS TÊNUES.

UMA MANHÃ DE SÁBADO, AO ABRIR A PORTA DA COZINHA. DEPAREI-ME COM UM VERDADEIRO CAOS. O CHÃO DA ÁREA ESTAVA UMA LÁSTIMA. ERAM PENAS POR TODOS OS LADOS, JUNTAMENTE COM O NINHO DESPEDAÇADO ESPALHADO PELO CHÃO. A ANDORINHA JAZIA COM O PEITO RASGADO EXANGUE. NEM SINAL DOS FILHOTES.

LOGO, MEIO ESTUPEFACTO, DEDUZI: O GATO DO VIZINHO, QUE DE VEZ EM QUANDO VISITAVA MEU QUINTAL, DEIXANDO SEUS RASTROS FEDORENTOS AQUI E ALI, HAVIA FEITO UMA FESTA. MATARA A MÃE, QUE DEVE TER LUTADO MUITO, PARA DEFENDER SUA NINHADA, E COMERA OS FILHOTES.

NADA ME RESTOU A FAZER, SENÃO UMA FAXINA NO LOCAL, EMBORA LAMENTANDO O FATO.

ENQUANTO FAZIA ISTO, MEUS PENSAMENTOS ALÇAVAM VÔOS NAS ALTURAS, E LÁ, ENCONTRARAM OUTRA AVE. ESTA, A MAIOR AVE DE RAPINA E UMA DAS MAIORES ENTRE TODAS AS AVES DO MUNDO, O CONDOR.

ESSA AVE, QUE VOA, GERALMENTE EM GRANDES ALTITUDES, PELO MENOS, NÃO CORRERIA NUNCA O RISCO DA FINADA ANDORINHA. MORA SEMPRE NOS TOPOS DE PICOS INACESSÍVEIS. LÁ, EM FENDAS DAS ROCHAS, CONSTROE SEUS NINHOS E CUIDA DE SUA NINHADA.

ALGUNS HOMENS TAMBÉM NÃO SÃO COMO A ANDORINHA DESCUIDADA, QUE CONSTRUIU SEU NINHO NUM LUGAR MAIS FÁCIL QUE ENCONTROU, SEM AVALIAR OS RISCOS?

CONSTROEM SEUS BARRACOS À BEIRA DE BARRANCOS OU SOB ELES, OU À BEIRA DE RIOS E REGATOS, SIMPLESMENTE PORQUE TAL LUGAR FICA MAIS PERTO DA CIDADE. INVADEM A PROPRIEDADE ALHEIA E LÁ, FINCAM SEUS MÍSEROS BARRACOS, SEM SIQUER AVALIAREM OS RISCOS.

EXISTEM CASOS EM QUE OS PROPRIETÁRIOS NÃO USAM DETERMINADA ÁREA PORQUE SABEM QUE EM ÉPOCA DE CHUVAS UM BARRANCO PODERÁ RUIR, SOTERRANDO O QUE ESTÁ EM BAIXO E LEVANDO DE ROLDÃO O QUE ESTÁ EM

CIMA, BEM COMO A ÁREA, QUE EM ÉPOCA DE SECA PARECE MUITO BOA, MAS, QUANDO AS CHUVAS CAEM, TUDO FICA ALAGADO?

COMO AQUELA ANDORINHA, TAIS PESSOAS, QUERENDO LEVAR VANTAGENS, FICAM SUJEITAS AOS RISCOS ASSUMIDOS, TALVEZ ATÉ POR FALTA DE OPÇÃO, NÃO PROCURANDO LUGARES BEM MAIS PROTEGIDOS. UMA VEZ ACONTECIDA A TRAGÉDIA, QUANDO PERDEM TUDO, COM UMA AVALANCHE OU UMA INUNDAÇÃO, MUITAS VEZES ATÉ COM PERDAS DE VIDAS DE ENTES QUERIDOS, FICAM DESESPERADAS E CULPAM AS AUTORIDADES, A DEUS E À FATALIDADE E QUEREM ATÉ INDENIZAÇÕES.

SE AS PESSOAS FOSSEM COMO O NOSSO CONDOR, NUNCA CORRERIAM TAIS RISCOS. OU SE OUVISSEM O EVANGELISTA MATEUS (MT.7,24-27), QUE NOS ADVERTE A NÃO SERMOS TOLOS COMO AQUELE HOMEM QUE CONSTRUIU SUA CASA SOBRE A AREIA. “CAIU A CHUVA, IRROMPERAM AS TORRENTES, SOPRARAM OS VENTOS E SE ARREMESSARAM CONTRA ESSA CASA E ELA DESABOU. E, FOI DESASTROSA SUA RUINA”.

DEVEMOS SER COMO AQUELE HOMEM PRUDENTE, QUE CONSTRUIU SUA CASA SOBRE UMA ROCHA. APESAR DE CAIR A CHUVA, IRROMPEREM AS TORRENTES, SOPRAREM OS VENTOS E ARROJAREM-SE SOBRE TAL CASA, ELA NÃO CAIU, POIS FORA CONSTRUIDA EM SEGURANÇA.

INCRÍVEL É QUE A HISTÓRIA SE REPETE SEMPRE. OUTRAS ANDORINHAS DESCUIDADAS FARÃO SEUS NINHOS EM BURACOS BAIXOS. OUTROS GATOS MATREIROS FARÃO UM JANTAR DE ANDORINHAS E OUTROS HOMENS, LENDO MANCHETES DE JORNAIS, TESTEMUNHANDO INUNDAÇÕES E DESMORONAMENTOS, CONTINUARÃO INVADINDO E CONSTRUINDO SUAS MORADIAS EM LUGARES DE RISCO.

O QUE PARECE FÁCIL, NEM SEMPRE É O MELHOR.

É UM CASO PARA SE PENSAR. É OU NÃO É?

VICENTE DE PAULO CLEMENTE

VICENTE DE PAULO
Enviado por VICENTE DE PAULO em 05/08/2012
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