Queijos e vinhos

                                      
 
            Certos dias são próprios para uma reflexão mais acentuada, aqueles dias que o frio se faz presente sem muita intensidade, e a cidade está calma.
            Bem, hoje é domingo.  Já ajuda muito, estamos no inverno e o dia um pouco acinzentado.  Olho o verde do jardim, onde outras cores despontam.  Poucas flores, a estação não inspira telas expressionistas abstratas, talvez Pollock já estivesse bêbado, se vivo fosse.  Não sou apologista do álcool, mas certas ocasiões ele ajuda a ver um mundo mais colorido, ajuda mesmo!
            As nuvens, ora mais claras ou escuras, vão transformando as cores do jardim.  E então chove!  Dá uma sensação de maior intimismo, pensamos, pelo menos eu penso mais na existência, no momento, no viver e na finitude de tudo isto.  É normal, nestes dias.
            Deste pensamento não necessariamente depressivo, mas real na Vida, pula-se, não se sabe como, para a grandeza da mesma.  É coisa demais, espanta-me mesmo estar escrevendo, usando um aparelho que o mundo todo já se habituou, o computador.  Olho maravilhado para minhas mãos, não por outro motivo de serem parte de um corpo que também ninguém explica a existência neste mundo que parece não ter fim.
            Domingo... Vinho tinto seco, gorgonzola, tomate, pão, azeite e tabule, enquanto Charlie Parker toca magistralmente bem Summertime, de George Gershwin, eu fico com a certeza de que tudo está bem, a Terra segue na sua órbita elíptica em torno do Sol... 
Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 05/08/2012
Código do texto: T3814907
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