DESAPEGO
Nunca me ocupo com a ideia de onde a vida vai me levar amanhã.
Me prende a atenção, com quem estarei, seja em que lugar for.
Hoje, a cidade amanheceu mais pálida, isso aos meus olhos, pois pela vidraça sem cortinas, os raios de sol adentram, beijando os vasos de orquídeas que estão rente a ela.
O rio que enxergo, ao levantar os olhos do teclado, está ali, repleto de marrecos se banhando, gaivotas o sobrevoando em busca de alimento, barcos indo e vindo, mas pra mim parece que o cenário mudou.
Estico um pouco mais o olhar, e vejo lá em baixo famílias, sentadas no Pier, nos gramados da praça, é domingo, um belo domingo de sol.
Mas, em meu interior o dia está mais cinza, embora busque no céu e não encontre um nuvem dessa cor, só existem as brancas.
Então tenho a certeza, que a paisagem não mudou de tom. A natureza à minha volta continua linda, um espetáculo pintado pelo grande Artífice do Universo. O que mudou foi meu estado d'alma.
E sei bem porque. Meu filho embarcou para a Florida, foi acompanhar as filmagens de mais uma campanha, que criou, só volta daqui à dez dias. Ah, ele levou parte do brilho que eu via em tudo por aqui.
Isso faz minha alma refletir mais uma vez, que sou uma cidadã do universo, não me prendo a lugares.
Quanto as pessoas queridas, por ora não posso dizer o mesmo. Estou no ensaio apenas, do aprendizado do DESAPEGO.
Percebo claramente que nesse quisito, eu ainda sou uma aluna do jardim da infância da vida.
(foto da autora- East River)