Passagens de passageiros
Passagens de passageiros: todos nós somos criadores e espectadores
O que é preciso para conhecermos uma pessoa? Quanto tempo leva? Muitas vezes, definimos alguém em alguns instantes: ela é uma pessoa boa, ruim, inteligente, tola, triste, feliz... Mas será que a conhecemos mesmo? Hoje ainda, mais uma vez ouvi uma história, ou melhor, duas histórias, pois fui mera espectadora de um diálogo entre dois passageiros.
Amigos que se reencontram por obra do destino. Mais uma vez, dois indivíduos faziam a trasladação quase que diária por meio de transporte coletivo – da casa ao trabalho e do trabalho para a casa - e se reconhecem em meio ao grupo. Há tempo não se viam e por todo o trajeto conversaram. Um deles contou que está estudando, contudo fazendo apenas uma disciplina na faculdade, pois tinha que conciliar trabalho e família à busca de conhecimento. Tem dois filhos – um casal, e subentendi que está separado. Como supus isso? Daqui um pouco conto a vocês mais sobre o que ele falou.
O segundo individuo está com planos de também estudar no próximo ano. Técnico em Enfermagem, trabalha em dois lugares e deseja fazer graduação em Enfermagem. Imagino que ele realmente gosta da área da saúde. Isso é muito bom, para ele e para nós, diga-se de passagem, pois poderemos ser cuidados por ele. Tem um filho, nome escolhido pela esposa (feito um acordo, se fosse menina ele escolheria). Ah filhos, muito assunto pela frente. Falaram de educação e, na minha humilde opinião e com experiência apenas como filha, falaram muito bonito. Eles discorreram sobre ensinar, mostrar o certo para as crianças e apenas em última instância xingar ou bater. E como foi legal ouvir aquelas palavras ditas com orgulho e carinho: meu filho faz isso de legal, meu filho faz aquilo de bonito...
Neste momento que um deles contou que teria passado quatro anos junto com uma mulher que o humilhava, o diminuía por ter estudo a mais que ele (ela é advogada). Claro, esta é somente uma pequena versão sobre o caso e de uma das partes apenas. Porém, não estou escrevendo aqui para questionar ou dizer quem está certo. Aliás, por que estou escrevendo? Acho que estou escrevendo para suprir uma imensa e antiga vontade minha de escrever, simplesmente escrever e, através da união de algumas palavras, tentar disseminar um pouquíssimo de conhecimento. Não, conhecimento não é a palavra certa, mais exato é eu escrever que escrevo para tentar instigar ao leitor e a mim mesma a pensar.
E hoje convido você leitor a pensar comigo sobre será que conhecemos mesmo as pessoas? Algumas vezes parece tão fácil e injusto julgar, definir ou resumir alguém. Até mesmo as pessoas mais próximas, penso que não conhecemos. Uma vez que todos nós passamos a cada dia por novas e velhas coisas e essas coisas passam a nos constituir e mudar, constantemente. Ainda bem! Quase esqueço, também quero aqui aproveitar e agradecer às duas pessoas que inconscientemente me inspiraram hoje a pensar. Ainda bem de novo!