Meninas normais com vestido rodado num domingo à tarde.

Às vezes penso que gostaria de ser como aquelas *menininhas normaizinhas* que esbarramos na padaria pela manhã. Elas nascem, crescem, brincam, estudam, se formam, encontram o homem perfeito, namoram no sofá, noivam, casam, tem filhos, cuidam deles, eles crescem, e morrem. sem atropelar nenhuma fase, sem pular nenhuma etapa e sem desviar nenhum caminho. Nada de romances proibidos, nada de paixões fulminantes, nenhum muro pra pular, nenhum medo de bronca por ter chegado tarde em casa ou por ter perdido a hora de manhã. Nada de viagens com amigos loucos, de matinês e baladas noturnas. Nunca saíram pela janela do carro, nunca tiveram um porre, nunca perderam a noção de onde estavam e nem de como conseguiram chegar em casa. Nada de música alta, reclamação de vizinhos, cola nas provas ou trabalhos de última hora. Apenas normais.Meninas exemplares que por vezes trabalham durante a semana, mas estudam com toda certeza. Chegam em casa, tomam banhinho, jantam, assistem novela, estudam e dormem. Igreja nos fins de semana talvez. Não é regra. Vão para casa dos familiares, cuidam dos sobrinhos, dos priminhos pequenos e os levam para tomar sorvete em algum lugar no perímetro “casa”.

Já vivi tantas coisas, tive tantos problemas, criei tantos outros… Viajei, saí, curti, aprendi, corri, vivi, sobrevivi, amei, fui amada, me apaixonei. Me apaixonei de novo e mais um pouco. Sofri. Morri por diversas vezes, nasci de novo, comecei do zero inúmeras vezes. Corri atrás, fiz acontecer, fiquei na minha. Fui atendida, pedi, falei, ouvi, errei, pedi desculpas, fui desculpada, desculpei, errei de novo, acertei! Acertei outras vezes, compensei. Vários SIM, vários NÃO, tantos TALVEZ. Tô aqui, recomeçando, aprendendo e querendo mais! Com a certeza de que jamais me arrependi de nada do que fiz. Aprendi com todas as minhas ações e vivo a vida somente reparando lado positivo de cada pedra que me jogam à frente.

Mas às vezes penso : Porque não sou aquela menininha normal com um vestido rodado num domingo a tarde ?

Paula Cassim

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