O brasil é um país sério?
 
            Ainda que o general de Gaulle não tenha dito que “o Brasil não é um país sério”, alguém deve ter dito, pois, onde há fumaça há fogo, mesmo que não se saiba quem o espalhou.
            O que me fez lembrar dessa frase, desta vez, foi uma crônica de Ferreira Gullar intitulada “ Democratas de ocasião”, que saiu no jornal Folha de São Paulo, se não me engano, dia 15 de julho de 2012.
            Nessa crônica Gullar, brilhantemente, reporta-se ao recente impeachment do presidente paraguaio. Diz ele:  “Hugo Chávez e Cristina Kirchner, como era de se esperar, reagiram de pronto e com a irreflexão que os caracteriza”, que Rafael Correa do Equador rompeu relações com o novo governo paraguaio e o Brasil, talvez pela origem portuguesa, mais pé no chão, decidiu enviar nosso ministro de relações exteriores ao Paraguai para dizer que o impeachment de Lugo teria sido um “ato sumário”, ou seja, o presidente afastado não teve tempo de se defender.
            E agora vem a parte mais interessante. Gullar diz que o impeachment foi aprovado por quase unanimidade na Câmara dos Deputados e esmagadora maioria no Senado, sem contar que “nem os militares nem o povo paraguaios se opuseram”. Além disso, o próprio Lugo teria dito, na sessão do Congresso que decidiu sua sorte, que aceitava a decisão. Recorreu, sim, à Suprema Corte e ao Tribunal Superior de justiça, mas seus recursos não foram acolhidos.
            Pesquisando na Internet, pude ver que também o Uruguai concorda com a tese de “rito sumário”.
            Se democracia tivesse gradação, qual país do Mercosul poderia ser considerado o mais democrático?