Centenário de Jorge Amado ...

Jorge Amado o escritor baiano completaria cem anos em 2012 , e, para lembrar a sua obra na manhã do dia 5 de Julho na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), o escritor João Ubaldo Ribeiro, amigo e compadre de Jorge Amado, Walcyr Carrasco autor da nova adaptação de "Gabriela" para a televisão, atualmente em exibição na TV Globo, com mediação do jornalista e escritor Edney Silvestre debateram sobre a vida e obra de Jorge Amado.

A "atualidade" e a "vida" do escritor estariam presentes, nas relações de poder e política descrita por Amado.

"Ele consegue criar um microcosmo das relações de poder que ecoam até hoje" disse Carrasco sobre a atualidade e verossimilhança dos seus personagens, sua importância para a literatura brasileira e a "traição" a sua obra na adaptação dela para a TV.

“Uma adaptação só pode ser feita por alguém que ame aquele autor. Li Gabriela aos 12 anos e (o livro) faz parte da minha formação pessoal e autoral. O tempo da narrativa televisiva não é o tempo do romance. Eu traio (a obra) na medida em que não sou completamente fiel à sua narrativa, mas não traio porque me espelho naquilo que ele escreveu”. – dessa maneira Carrasco responde a pergunta sobre a adaptação que esta fazendo para a Globo sobre o livro Gabriela Cravo e Canela de Jorge Amado.

João Ubaldo, ao ser questionado sobre o que pensava Amado sobre a adaptação de Gabriela, responde:

“O autor é mais ciumento com sua obra, principalmente com a sua adaptação, então, penso que ele evitaria comentar a adaptação de "Gabriela", caso estivesse vivo. Ele sempre me aconselhou: “não se meta com esse povo de televisão!”Então, acho que ele não se meteria", E explicou que Jorge Amado sabia que são duas linguagens diferentes e sairia com essa: "Filme é filme, e livro é livro".

Uma parte que gostei do debate foi o questionamento feito por Edney Silvestre sobre a relação do amigo com Antonio Carlos Magalhães, símbolo da política que ele criticava. João Ubaldo explicou que “Toninho Malvadeza” era exímio sedutor e fazia os maiores inimigos caírem na sua teia de sedução, Jorge Amado não escapou das suas armadilhas.

Porque se lê tão pouco Jorge Amado?

Walcir responde a Silvestre: “Falta de memória do brasileiro e também pelo falso moralismo dos pais, professores..., “puritanos” pela sexualidade que dizem encontrar nos livros de Jorge Amado. Enfim, se o aluno tivesse contato com um dos seus livros, com certeza, o leria. O aluno gosta de ler o que lhe dá prazer.”

Para Ubaldo o aluno lê pensando naquele maldito questionário que vai ter que responder no final da história, então, a leitura fica trabalhosa, pois a maldita metalinguagem está ali fornicando o aluno com perguntas e respostas sobre a sua leitura.

Carrasco finaliza: “Livro é dado como remédio na escola, não como fonte de prazer!”