O VELHO E O NOVO VELHO NOVO
Como se sabe, de tempos em tempos, o mundo passa por uma mudança quase que obrigatória em seus costumes. É natural que a ciência, através de suas pesquisas, seja uma das responsáveis por essa modernização. O conflito natural entre o velho e o novo caracteriza a distancia das relações entre o antes e o agora.
Os romanos copiavam a maneira de fazer literatura dos gregos. A título de imitação, plágio, alusão, epígrafe. Na verdade o passado sempre estará presente no processo que, podemos chamar também de influência, conduzirá os rumos que, mais pessoalmente, nós pensamos em seguir.
Estava lendo antigos poemas em um antigo caderno e pensei em resgatar alguns deles, atravessar as barreiras do passado e trazê-los para uma nova dimensão, mais ampla, onde a tradição do que está escrito não fique estanque no passado e deixe de pertencer somente a ele. Um choque de modernidade nas antigas frases escritas sob o céu da juventude, uma força viva na ordem do dia.
Estou pensando em redimir versos que se sintam renegados, largados por mim em alguma poesia mal entendida. Preciso analisar o velho e o novo, sendo que o primeiro já pressupõe em si o segundo, questionar rimas que não se sustentaram no tempo e amargam a solidão de uma folha amarelada e esquecida.
O novo não pode nunca estar dissociado do velho, assim como o filho não pode estar separado de seu pai, em nenhuma atividade humana esse elo pode ser incompreendido ou negado. A tradição e o modernismo estão ligados pela história.
Como na moda no início do século passado, vou vestir um fraque, usar monóculo e declamar meus poemas nas ruas do Rio, como se estivesse na belle époque tropical, beber cachaças parnasianas e me sentirei tão contemporâneo quanto os bondes elétricos e se tiver sorte vou poder acenar para Olavo Bilac passeando em seu Cadilac amarelo.