O HOMEM DA ESQUINA
Personagem de todos os dias, testemunha de todos os acontecimentos, o homem da esquina ainda tem a capacidade de indignar-se. Mesmo com o estigma do espantalho na plantação de arroz, como é visto por alguns homens de toga, ainda assim não se cala diante do espanto que assola as esquinas.
No melhor estilo “espantalho”, o secretário de segurança pública afastou meninos e meninas de um território denominado “cracolândia”, aliás, o Rio folclórico tem o hábito de incorporar lândia (território) aos locais de destaque. Por que, então, não incorporar o IDH (índice de desenvolvimento humano) da Finlândia?
A cracolândia foi dissolvida há uns meses, mas os jovens retornaram ao local, que fica ao lado das obras do PAC (programa de aceleração do crescimento), onde serão erguidos blocos de edifícios populares. As aves antes assustadas com o boneco vestido com roupas de homem, erguido por uma vassoura para afugentá-las, perceberam que ele é inanimado e inofensivo.
O Ministério das Cidades exige que providências sejam tomadas, para que os trabalhadores do PAC parem de pedir demissão por falta de segurança para trabalhar. O Ministério do Trabalho fará inspeção em Manguinhos para saber das condições de trabalho dos operários. A Assembléia Legislativa pretende convocar o secretário para uma audiência pública, com a Comissão de Segurança, para dar explicações.
O homem da esquina, do alto de sua vivência, sabe que essas reuniões são ineficazes e “inacifezes”, não há colheita sem que se cuide do solo, até o espantalho sabe disso, as crianças precisam ser adubadas com amor e proteção.
O homem da esquina também sabe que crianças são como orquídeas, sensíveis, delicadas necessitam de muitos cuidados, mas que em boas condições crescem e alegram as nossas casas.