SHAKESPEARE. OBRA. DÚVIDAS.

SHAKESPEARE. DÚVIDAS SOBRE A OBRA.

A dúvida deixa o rastro da incerteza onde ela se instala. Em qualquer atividade. É assim na obra que seria de Shakespeare. Ninguém coloca dúvida na obra de São Tomás de Aquino, de Padre Vieira ou autores desse porte. Sobre a obra shakespeariana a dúvida é expressiva e permanente; não sem razão. Disso recolhe-se a dúvida procedente, ainda que “bardólatras” se insurjam contra o óbvio por força de decorrência da ausência de formação investigativa-analítica.

Se a temporalidade, indiciariamente, milita contra a feitura da obra pelo conhecido homem de coxia, absurdamente negada por alguns sua própria existência, de par com a imensa literatura posta na controvérsia existente, afloram outras probações que colocam em cheque essa originária legitimação autenticada pelo correr dos tempos, diga-se sempre, sob o império da dúvida, que fragmenta a tese de ser só sua a obra.

Nada posto em dúvida de forma sintomática e recrudescida se estabelece com credibilidade. E a dúvida de autoria, por si só, fulmina a autenticidade face a fragmentação da legitimação.

O que divide e importa denso acervo com lastro em duvida perde autenticidade. Não se trata de reescrever, como intensamente se fez sobre a “Commedia” de Dante, diante de suas inúmeras traduções discutidas, só na Itália seiscentas, por exemplo, cuida-se da etiologia, da origem inautenticada por provas contundentes egressas de personalidades de expressão, estudiosos de cepa. Resta aos incipientes a paixão, sempre parcial como a obra shakesperiana define essa emoção.

Reescritas foram as produções shakespearianas, como outras obras da literatura universal. O que se tem em matéria de Shakespeare é como se fosse uma franquia em multiplicar imagens e figuras de retórica. Não há nenhuma dúvida de que Shakespeare de Stratford precisaria ter concluído o ensino superior para escrever suas peças de teatro, especialmente ter tido conhecimentos como a ciência contemporânea e idiomas.

Henry Stratford Caldecott afirmou em palestra proferida em Joanesburgo que:

“As peças de Shakespeare são tão estupendas quanto à genialidade que, mesmo com o passar do tempo, elas não perdem seu vigor e, pelo contrário, continuam sendo pesquisadas e analisadas por várias e várias gerações de estudiosos e críticos de todas as nações do planeta, e é por isso que as pessoas têm vindo a perguntar-se: é humanamente possível que William Shakespeare, um rapaz rústico do campo de Stratford-upon-Avon, tenha as escrito?"

Esse contraditório nos chega do século XVIII. Uma “entourage” numericamente importante teria escrito a obra. Francis Bacon, Christopher Marlowe, William Stanley e Eduardo de Vero.

Outro argumento dos estudiosos que desconfiam da autoria é sobre o conhecimento educacional absurdamente superior presente nos trabalhos shakespearianos, que contém, juntos, um vocabulário imenso de aproximadamente 29.000 palavras diferentes (incluindo versões diferentes de palavras); vocabulário esse cinco vezes maior que a grande versão do Rei Jaime em cima da Bíblia, com exercício de 6.000 palavras diferentes, o que mostra um padrão possível. Difícil que um cidadão com sua envergadura e perfil, sem conhecimento educacional suficientemente trabalhado, fosse dominador fluente da Língua inglesa, e muito menos em ciência política, direito e em línguas estrangeiras – o latim, por exemplo, presente em obras como Hamlet. Isto sem nenhum embasamento sustentável educacional para tanto.

Até o início da década de 1920, Bacon foi o mais apontado como o autor das obras.

William Henry Smith firma-se em que são de Sir Francis Bacon, o erudito maior da época, foi construtor da obra shakesperiana. Cientista, filósofo, diplomata, ensaísta, historiador, poeta e político de sucesso, nome de nota, de estilo literário compatível com a obra, seria o destinatário do acervo em parte.

Smith, apoiado no livro "The Philosophy of the Plays of Shakespeare Unfolded" , atesta que foram escritores outros, que não Shakespeare, os responsáveis pela obra, nisso inserido Francis Bacon.

Disseminar um sistema filosófico na sociedade era a meta. Mas com outros escritores não queria Bacon protagonizar esse patrocínio de ideias do qual se intimidava em assumir. Era uma forma de educar a força e a cabeça de então.

Para alguns Bacon teria agido sozinho. Depois de ter esboçado a filosofia e a moral em seu "Avanço da Aprendizagem", somente a filosofia e a ciência de Bacon ficaram conhecidas por terem sido publicadas durante sua vida (Novum Organum 1620).

Os baconianos chamam a atenção para as semelhanças entre frases específicas das peças e as regras escritas por Bacon em seu Promus, que ficou desconhecido do público por cerca de 200 anos após ter sido escrito. Grande parte dessas entradas foram reproduzidas em peças de Shakespeare. Há, inclusive, um documento em que Bacon confessa estar sendo um "poeta ocultado". Divergem os antibaconianos em posição contrafeita.

Resulta importante o aspecto temporal por mim referido em outra crônica ‘QUEM FOI SHAKESPEARE?” Repriso abaixo.

A obra "Julius Caesar" restou como paradigma que Shakespeare não poderia tê-la escrito.

“A obra é de uma complexidade tal que precisaria não de um, mas de vários autores,com conhecimento do mundo e línguas latino e orientais (coisas essas não disponíveisna escola mediana de Stratford-upon-Avon, onde se diz que Shakespeare estudou).Aliás, o conhecimento contido na obra não estava disponível em academia inglesa alguma.

Só era possível obtê-lo através dos vários oficiais militares ingleses, viajantes, e estes só se comunicavam com a corte da rainha, já que também eram nobres.Naquela época (bem como agora também), os nobres ingleses não podiam ter contato algum, do ponto de vista cultural, com o povo em geral. Assim alguns eruditos afirmam que a obra foi um compêndio das aventuras militares do Império Britânico, condensado por vários nobres da corte da Rainha Elizabeth, interessados em ganhar dinheiro, vendendo para o público (o que era proibido para eles).Calcula-se que obra toda levaria no mínimo 30 anos para ser escrita por um só homem, se este viajasse pelo mundo afora, o que não foi o caso de Shakespeare, já que nunca saiu de Londres, desde que lá chegou. Mesmo assim, os fãs, sem perceberem a enormidade do esforço despendido nessa obra, acreditam que Shakespeare, um homem do povo, foi quem escreveu sozinho, tal obra.

E o mais incrível: No mesmo tempo de lançamento de outras obras igualmente complexas como Antony and Cleopatra e Timon of Athens que exigiriam igual esforço.

A obra "Julius Caesar", se fosse escrita por apenas um homem, teria

que ser escrita por um escritor da atualidade, da era do computador e viajante, e mesmo assim, ela demoraria não menos de 5 anos para ficar pronta. Como foi escrita em uma época em que as informações e as viagens eram muito demoradas, ela só pode ter sido escrita, ou melhor, condicionada, de várias outras obras manuscritas, não por um, mas por uma sociedade de escritores.”

Fonte: New York Times Magazine

A polêmica, discutida em Parati, permanece e tranquilamente não invalida a riqueza da obra, mas põe em dúvida inegável sua autoria, com inúmeras e relevantes obras escrita sobre a "Controversy Shakespeare".

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 31/07/2012
Reeditado em 31/07/2012
Código do texto: T3806673
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