CRÍTICA SURREAL

Tempo? Quem o tem!?

Somos nós quem o fazemos.

Preciso - por amor à arte e por amor a mim;

Por necessidade e por paixão -

Reestudar a história da Arte e da Filosofia

Para compreender a Filosofia da História.

E assim - de estação em estação,

No chacoalhar rítmico e constante,

No zum, zum, zum melodioso dos trilhos –

Rego e exercito a mente com estudos e poesias...

...

...

Ser suburbano é realidade social,

Não uma fatalidade dadaísta. Por isso,

Fatalidade alguma ou determinismo algum

É capaz de extinguir o espírito romântico.

E assim, metro a metro, quilometro a quilometro,

Ora mais rápido, ora lentamente,

Imagens perpassam a translúcida janela

E avançam pelo Vazio da mente humana.

O Impressionismo das imagens, formas e cores:

O Expressionismo juvenil nos muros – suas telas.

Arte nihilista, expressionista...surrealista.

Não ainda um poema, não ainda poesia. Será?

É o poder surrealista do Caos expresso de modo

Informe, angustiante, aflitivo...paradoxal.

São palavras, símbolos, formas e ícones

Nihilisticamente impressionistas em sua expressão.

É Arte Contemporânea, ignóbil aos sábios tolos:

Os moralmente puros; satisfeitos em seu status social.

Amam o ouro e não o Homem, e não vêem que

Chafurdam-se em seu próprio lodo – nas próprias fezes.

Arte Pós-moderna, degradante aos amantes de humana glória;

Que, por um prato de lentilhas vendem a honra...a alma.

Arte infame aos hipócritas religiosos que de puros que são

Negam o amor ao mundo apoiando-se nas Escrituras.

Hipócritas. Deliberadamente se esquecem que Deus é amor;

Que as mesmas Escrituras afirmam que Deus amou o mundo.

Não. Não apenas amou o mundo... Amou-o até a morte.

Amou-o de maneira tal que entregou o seu próprio Filho.

...

Quantos pensamentos no vai-e-vem da viagem...

...

O contemplar a esses jovens artistas, não poetas

(e vejam aqui o juízo de quem não é Deus, mas

Que ao julgar a outrem, se torna um deus,

Descaracterizado, humano...limitado...perveso).

O Poder ainda não lapidado, não dominado e informe:

Destrutivamente construtivo; irracionalmente racional;

Anonimamente pessoal e perversamente sadio.

Poder Puro. Incompreensível, mas incontestável.

Oh! Arte expressionista e impressionante.

Que riqueza de formas, símbolos, cores e imagens.

Arte marginalizada, mas eterna. Impossível não ser vista.

Arte ilícita, denunciante da hipocrisia social dominante.

Querem pensar nas injustiças humanas – combatê-las?

Querem deixar seus desejos individuais – decadentes?

Quer-se uma arte adormecida e que amorteça a mente.

Uma arte que apóie e aprove os sonhos egoístas - insanos.

Quando acordar e entender que o ódio é condicional - irracional?

Quando perceber que a força é o recurso dos fracos e covardes?

Quando compreender que autoridade não é uso do poder?

Quando entender a bestialidade como privação da dignidade?

Só o amor é constante, lúdico, límpido, sofredor...eterno.

Esquecem-se daquele que por amor do homem se fez pobre,

Para que por sua pobreza, enriquecesse a muitos.

Esquecem-se porque não desejam a luz da verdade.

Manifestai-vos, jovens.

Expressai a vossa ira, revolta e dor.

Fazei dos muros o vosso palco,

De casa prédio, vosso púlpito.

Quem sabe, um dia acordem e, contritos,

Peçam perdão a Deus a ao próximo

Por todas as injustiças cometidas em nome de Deus,

Da ética e da moralidade – de seus próprios interesses.

Moses Adam

São Paulo, 13.02.2007

Expresso Leste – 10h20