E enquanto falamos da corrupção, continuamos nos corrompendo

Falar mal dos políticos já é uma tradição. É um costume do povo brasileiro. É mais do que uma regra que não há exceção. Inúmeros discursos ovacionados com a mesma emoção de um ser frustrado e sem esperança. Já não se confia. Já não se sabe em quem e porque confiar. A palavra política, por vezes, repela os jovens. Não há certeza de nada que seja dito. E o povo, mais uma vez, se questiona. Questiona da falta de respeito, de honestidade, de veracidade, de ética que escorre das 'bocas politiqueiras'.

São numerosas as más notícias relacionadas à política que circulam pela mídia. E o povo, mais uma vez, se proclama. Se rebela. Se frustra. Vai objurgar no trabalho, na escola ou nos bares da vida. Censura a "vergonha" que é a política brasileira. Fala e 'desfala' das tantas atitudes anti-éticas dos políticos. Da tanta falta de bom senso que lhes atribui. Discute por horas e horas, sem se quer sair do lugar. Todavia, não se questiona sobre suas próprias atitudes.

Afinal, como se cobra de ética dos políticos se a sociedade age de forma anti-ética? Quantos são os que devolvem o troco que lhes é dado a mais? (reclama-se se for dado a menos, claro) Quantos são os que ajudam um mendigo dando-lhe comida, abrigo ou até mesmo um pouco de atenção? Quantos são os que se doam para o próximo, sem que lhes seja atribuído algo em troca? Quantos são os que não usam da pirataria? Quantos são os que não sonegam impostos? Quantos são os que se pronunciam contra quando há uma atitude desonesta ao próximo? Quantos são os que compram com a intenção de realmente pagar? Quantos são os que não falsificam assinaturas, sejam elas para quaisquer fins? Quantos são os que não estacionam em vagas destinadas aos deficientes físicos? Quantos são os que não subornam policiais diante de qualquer infração cometida? Quantos são as promessas feitas aos filhos, amigos e parentes que realmente são cumpridas?

Já parou pra pensar nisso? Já parou pra questionar as suas atitudes, as atitudes dos seus parentes, dos seus vizinhos, da sua sociedade?

Afinal, é fácil apontar os erros de uma classe, “uma raça suja e corrupta", como muitos falam, enquanto nos esquecemos que um dia, antes de ser um político, eles fizeram parte da sociedade como um cidadão comum qualquer. Como eu, como você, como nós. E é aí que me questiono: o erro está neles ou em todos nós? São eles uma exceção de "sujeiras e escândalos" ou é a própria sociedade?

Deixar os erros e os problemas nas mãos dos outros é fácil, o difícil é perceber que os políticos são como são porque o erro é nosso. O erro está em cada um de nós, na sociedade como um todo. Portanto, não adianta impor que "políticos não prestam" ou "não podemos admitir um governo de roubos e mentiras" se nós nos corrompemos. Corrompemos nossa ética e nossa moral. Corrompemo-nos diante de situações corriqueiras.

Para mudar a política, há de se mudar, primeiro, toda a sociedade. Todavia, para mudar a sociedade, há de se convir que temos que mudar, primeiramente, a nós mesmos.

(Em 2009 ou 2010, não lembro)

Por Jéssica França
Enviado por Por Jéssica França em 30/07/2012
Reeditado em 30/07/2012
Código do texto: T3805487
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.