Um sonho olímpico
Os sonhos, quando se materializam cumprem parte de ideais, e as matérias quando sonhadas, são a consecução de metas almejadas?
Algumas provas olímpicas mexem com o inconsciente de quem as assiste; o leste europeu revela mulheres fortíssimas que levantam pesos acima de 130, algo que foge do compreensível, que coloca a imaginação de quem a tudo vê em parafuso: uma mulher levantando um peso acima de 130 kg?
Mais uma vez o incompreensível toma conta do palco; aquelas mulheres não são esteticamente bonitas, os músculos tiram a feminilidade daquelas atletas, os músculos significam naqueles corpos...poder. Tudo com conotação erótica leva o assistente a crer que a levantadora, do alto do pódio, teria olhado para ele de forma diferente; e arrancá-la do pódio e atirá-la em uma cama exigiu um esforço bem menor que o esforço exigido para se levantar mais de 130 kg, esforço dela, que fique bem salientado.
Ele não era um fraco, mas ela era uma deusa do Olimpo, e por isso os jogos são denominados Olimpíadas; aquela massa muscular espalhada na cama, aquela flama que a envolvia sempre no momento de levantar pesos fizeram dele um pequeno, um insignificante. O êxtase, a realização de uma epopéia que seria aquele cruzamento o flagelaram e o ápice se fez reduzido, desprezível.
O pífio desempenho do sonhador encheu de ira a musa que levantava mais de 130 kg, e com essa ira, mais a força que naturalmente o exercício de toda uma vida lhe deram, ela o levantou e como se em prova estivesse o arremessou, lançando-o até o banheiro da suíte em que estavam.
O peso dele e a distância do arremesso nunca foram aferidos, mas com certeza dariam a ela uma outra medalha, se competindo estivesse.