Churras boqueta
Férias de julho. O que fazer? Pra onde ir? Daí veio a ideia: visitar um 'amigo irmão' (é o que ele diz neh) que se mudou para Campo Grande, MS. Há alguns anos, foi transferido a trabalho. Isso aí! Bastou uma ligação, algumas palavrinhas no 'messenger' e, tudo certo, passagem comprada, rumo a Campo Grande. Como toda pessoa normal que está prestes a viajar para outra cidade, estado ou país, que seja, fui procurar informações no 'google' a respeito do lugar. Previsão do tempo! Uhn! Calor! Algumas roupas de verão na mala. Resolvo confirmar e recebo como resposta que está frio no local. Certo! Troco algumas peças da mala. Saio de Porto Alegre, Frio Grande do Sul, com 13º, sensação térmica de 9º, uma friaca que nossa! Domingo chego em Campo Grande, às 21h, horário local, me descascando. Efeito cebola. Pensem num calor...e multipliquem, tipo 27º³, mas ao cubo, rsrsrs. Mas...Tudo bem! 'Loca' pra ver as 'araras', azuis, lindas!
Segunda feira. Acordo lépida e faceira. Meu 'amigo irmão' já tinha saído pra trabalhar. Me deixa a chave da casa e algumas dicas. 'Shopping', a umas três quadras dali, ar condicionado é bom neh. Me indica uma padaria no caminho. Pensem, 9h da manhã, 31º, e a moça da padaria diz: 'Hoje tá fresquinho!'. Pedi um quibe e um cafezinho. Ela me oferece molho de pimenta como condimento. 'Não, obrigada, detesto pimenta'. Nem era preciso mesmo, o próprio quibe era carregado de pimenta. Outra que meu 'amigo, que se diz irmão', havia esquecido de me avisar, sobre a culinária local, fãs da pimenta. Ok! Mais tarde, nos encontramos no 'shopping' para almoçar. Eu já estava lá, óbvio, com uma torre de chope pra aliviar a sede e a ardência na boca. Precisava relaxar, caso contrário, o mataria.
Ele me oferece seu carro, pra conhecer melhor a cidade e me diz: 'cuida pra não se machucar viu'. Já um pouco ressabiada, prestei bem atenção naquelas palavras. Pensem num povo louco no trânsito! Melhor ficar a pé. Em casa mesmo. Dores nasais, devido ao calor seco. 'Vou me refrescar, mexer na água'. Foi a primeira vez que senti tanto prazer em lavar roupa, lavar louça, enfim, lavar a casa toda. Cuidando sempre dos escorpiões, claro. Soube deles. 'Não matam não. Só causam uma febrão de no máximo três dias'. 'Bem, considerando os dias que ainda tenho por aqui, consigo sarar antes de ir embora'. O quê?? E os falecidos estavam guardados dentro de um vidro de café solúvel?! Sai pra lá! Mas, por mais incrível que pareça, esses não foram os únicos bichinhos que me assustaram, não.
No meio da tarde, meu 'amiiiigo' chegou. Saiu mais cedo do trabalho, para me levar ao Parque das Nações Indígenas, para ver um bichinho mais dócil quem sabe: as capivaras. Lindo parque! Assim que vi uma pequenina capivara, saí correndo para tirar uma foto da mesma, não podia perdê-la. E se não encontrasse outra? De repente... meeeu Deus, ao olhar para o lado, vi toda a família da pequenina capivara, ali, olhando para mim. Família grande a dela! Corri ao contrário das mesmas. Aquilo mais parecia uma boiada! Hehehe! Foi neste momento que pensei, 'essa vai ter volta'. Pra mim já chega.
Combinamos um churras para o dia seguinte e sem saber eu começava a preparar minha vingança. Olhei para churrasqueira. Percebi que ela precisava de uma limpeza. Sabe como é, homem morando sozinho (hihihi). Água nela! À noite, tudo limpo e preparado. Meu amigo, irmãaaaao, até convidou o chefe dele para ir ao churras. Tudo certo. A picanha na brasa. Papo vem, papo vai, a surpresa: Um estouro enorme! A namorada do chefe grita! Olhamos para a churrasqueira. Só não desmanchou, porque estava presa ao muro. Hahahahahaha! A umidade concentrada, da limpeza que eu fizera mais cedo, acabara com a mesma. Conseguimos salvar o churrasco a tempo, mas não faltou a frase: 'Viu só, churrasco de gaúcho é assim, tem até dinamite! Não são esses churrascos 'boquetas' feitos por aqui!' Hehehehe! Rimos muito. O assunto rendeu o resto da semana.
Essa valeu, pelo calor, pela pimenta, pelos escorpiões, pelas capivaras e pelas araras azuis e lindas que resolveram migrar assim que cheguei lá. Não vi nenhuma.
Ao meu querido amigo Marcelo. Perdemos tudo, menos o humor, neh irmão! Obrigada pela recepção! Foi tudo, tudo perfeito!