E tome cantilenas nos ouvidos!
Começou agora o show grotesco das cantilenas pelas ruas. As rimas em cima de educação, saúde e tudo mais, tornam-se um refrão bisado e bizarro em musiquetas chamadas jingles. Candidatos prometem em seus estribilhos a vergonha, pois se repetem e se plagiam sem mesmo perceberem.
Carros com auto-falantes nas alturas vão torturando os ouvidos de quem prefere a valsa do silêncio ao esdrúxulo cantado pelas ruas. É um estupro auditivo, onde se repetem números e jargões em melodias que ferem o diapasão do bom senso. As promessas cantadas aos brandos, vão poluindo a placidez que merece a cidadania. São tantos os números que é impossível a matemática ser exata, pois a soma desses milhões sempre resultará em 171.
Acho que tais políticos pensam que nossos ouvidos não passam de vasos sanitários e que eles têm que derramar suas necessidades escatológicas neles. Recuso-me a ouvir, mas é impossível, parecem cigarras repetindo sempre o mesmo som. Às vezes, sinto-me invadido em minha privacidade, no meu direito de não ouvir. Fazem de tudo para massificar suas intenções - e olhe que o inferno está cheio disso -, poluem o silêncio com demagogias e soluções que jamais sairão dessas rimas pobres. Acho difícil acreditar que alguém escute esses jingles e não tape os ouvidos, mas repete-se tanto que massificam e aí... cantamos essas porcarias sem mesmo querer. É duro, caros leitores, mas enquanto não passar o espetáculo da eleição, seremos obrigados a conviver com números cantados e apertos de mão a toda hora.
Mas o que podemos fazer para evitar tudo isso, leitores amigos? Que tal cada qual colocar algodão nos ouvidos cantar em coro quando esses mercenários do poder vêm nos pedir o voto: ê ô ê ô, viva os políticos do Brasil e que todos vão pra .... eu ia rimar com ponte que partiu, mas sei que vocês querem dizer outra coisa. A rima é livre e cada um que cante a seu gosto. Olha como se cria um jingle! Acho que esse é até mais original, concordam comigo?