SEMPRE ESPERAR

Aprendi que para ganhar muito dinheiro licitamente só existem duas maneiras: Trabalhar e estudar. Meu pai me ensinou a estudar e minha mãe a trabalhar, assim eu cresci, dividindo meu tempo entre os estudos e o trabalho e nas horas vagas a diversão.

Recém-formada, não pensei duas vezes em aceitar uma oportunidade para trabalhar em uma grande empresa, um trabalho temporário, com uma boa remuneração e que não tinha nada a ver com a minha formação, um serviço suado, trabalhoso e em alguns casos até perigoso.

Entretanto, almejando o bom salário fui ser uma servidora pública, cooperar no desenvolvimento da sociedade, pedalar pelas ruas levando as notícias, independente quais fossem, eu fui ser carteira!

No inicio não tive muita consideração do chefe e dos outros subordinados, meu corpo atlético de 90 quilos não inspiravam tanta confiança, mas eu conheço a minha vontade, sei onde quero chegar.

Sabia que nem o sol, nem a chuva iriam me impedir de entregar as cartas e foi o que fiz já no meu primeiro dia. Raisa minha mentora, acompanhava-me com todo carinho e dedicação, não media esforços para ensinar-me a arte de ser carteira.

No primeiro dia sozinha na rua, Raisa me perguntou se eu seria capaz de voltar até o CDD, eu respondi que sim. Minutos mais tarde comecei a me imaginar pedalando pela rua dando voltas e mais voltas, perdida em um bairro, longe da minha casa, seria interessante eu parar alguém na rua e perguntar:

-Por gentileza, você sabe me informar onde é Correio? Vestida e trajada com o uniforme dos correios.

O tempo compadeceu-se de mim, naqueles dias de janeiro o sol se deteve e até deixou a chuva cair... De tanto pedalar, estive a pensar quantas pessoas esperam.Esperam de tudo e todos...Eu sempre era esperada, fosse pelas senhoras de casa que nada tinha para ocupar-se ou pelas ansiosas jovens.

E eu juntamente com elas esperava, esperava um futuro melhor, espera o dia acabar, esperava a minha bolsa esvaziar, no final de tanta espera, o dia se findava, despedia-me de todos e caminha ao ponto para esperar o ônibus.

De tanto esperar, procurava ler o retrato na face de cada um e sempre chegava a conclusão de que era mais uma a esperar...Assim continuo esperando o provável e improvável, mesmo sentada na dura cadeira, fria e soltitária ainda espero que você leia e goste...

Jhomara Alves
Enviado por Jhomara Alves em 26/07/2012
Código do texto: T3799055
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