Campo verde em dia claro
O sol levanta ondas de calor no asfalto. É tanta luz que chega a doer nos olhos.tudo é silêncio e pode-se ouvir a voz de alguém numa canoinha que esteja no meio do rio.
São onze horas e o choque entre a temperatura no carro e a de fora é incrível.
O sol escaldante, desanima qualquer tentativa de ir lá fora, mas não desmente a beleza do quadro.
A luminosiade confere um tom azul claríssimo e translúcido ao céu, onde se destacam flocos bem redondos e branquinhos de nuvens preguiçosas ora se agrupando ora se afastando de outras.
O horizonte é transparente e tem-se a impressão de poder ver a curva do planeta lá ao longe.
Parecem véus ondulando, ora escondendo, ora revelando o infinito.
O campo em tom verde claro, varrido pelos ventos faz os capins se curvarem e algumas touceiras altas, esparsas, curvam de tal forma que parecem longas cabeleiras ao vento. Os movimentos são lindos, lânguidos.
Aquela planura, salpicada por aguapés e alfaces-d'água deixa entrever pontos brilhantes onde a agua surpreende ao encontrar um ponto onde aparece. Uma elegante garça plana elegante na sua brancura e rapidamente levanta vôo com um peixinho prateado no bico. Outra saltita elegante entre as touceiras á cata de alimento.
De repente aquela planura verde clara e ondulada é interrompida por uma ilha, verde musgo que, sem se erguer acima da paisagem denuncia a presença de terra firma no mato escuro e cerrado e as incontáveis palmeiras de babaçu que se erguem eretas, lado a lado, formando uma massa distinta de verde-escuro, onde lá no alto, as elegantes palmas ascendentes balançam delicadas ao vento. Sua arquiteutura simétrica de palmas apontando para o céu, dão leveza ao conjunto.
Lá do outro lado do rio, casa pintadas de branco com janelas azuis se destacam, apesar da distância, pelo desenho das estacas que as sustentam. São indiferentes ao vento e ás cheias, posto que já nasceram em meio a elas e resistem em tempos de seca e cheia.
Aqui e acolá, numa curva, distingue-se essas casinhas de arquitetura especial, obra do caboclo que lá mora. Então, numa das curvas, uma massa imensa rosa claro, destoa daquilo tudo. Uma árvore que nesta época se vestiu de rosa, e emoldura a casinha à frente dela, dando um toque especial na paisagem monocromática.
Nada muda, o homem interfere aqui e acolá, mas aqueles campos permanecem, com suas aguas subindo e descendo, suas garças pescando, as ilhas cheias de palmeiras. Só o homem faz ou desfaz, sem nehuma permanência.