Uma coisa linda (para Guilherme e Raphael)

De todas as coisas lindas, a mais linda de todas as coisas, a coisa mais linda de todas as coisas lindas, é quando uma criança, parecida com a borboleta que acaba de sair de sua casca e percebe que pode voar, entende que pode fazer, e melhor, as coisas que os adultos fazem. Você captar este instante na criança é que faz a coisa linda.

Ao descobrir que pode tudo, a criança é responsável pelo nascimento do homem novo, e com o homem novo nasce a perspectiva do mundo novo. As ruínas da destruição são removidas, os continentes enxugam suas lágrimas, as florestas se organizam. Uma nova era se aproxima e o sangue que corria nos rios, agora está de volta às veias.

O ovo se quebrou, um novo e vigoroso sol faz com que nossos dias sejam como uma pintura colorida. As aves migram voluntariamente para manter a tradição da espécie, pois há alimento por toda parte. Quem tiver a felicidade de ter por perto uma criança, que observe isso atentamente. O mundo velho do homem do velho mundo em que vivemos, esconde essa alegria dos olhos do homem novo do novo mundo em que vivem as crianças.

O novo homem que sou está sentado no topo do velho mundo sem saber se continua a caminhar ou se voa. A força, sem oposto, da gravidade do velho mundo é a prisão do homem novo. Não vou desperdiçar meu tempo, vou passar os dias como a tarde que se despede com o céu vermelho por onde chegam as estrelas.

Assim como Dali :‘’Estou a pintar quadros que me fazem morrer de alegria, estou a criar com absoluta naturalidade, sem a menor preocupação estética, estou a fazer coisas que me inspiram com uma profunda emoção e estou a tentar pintá-los com honestidade’’.

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 26/07/2012
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