As Cantigas de Roda em Minha Infância

Chegamos a Aguada Nova em 1979. O Brasil vivia a ditadura militar. O general João Batista de Oliveira Figueiredo, em 15 de março de 1979, assume a presidência do país. Aguada Nova era, por muitos, chamada de Errada. Lapão pertencia a Irecê. E eu vivia alheia a tudo isso. No auge dos meus nove aninhos, queria mesmo, era brincar de cantigas de roda, jogar jeribita, brincar de macaco (amarelinha), baleada, e no domingo, fazer panelada com as colegas Lene (hoje mora em Salvador), Vanga, Denga, Marli Rita (hoje em Salvador), Claudia (hoje em São Paulo), Selma, Evirlene, Evirlane, Evirleide, Gilvanice...

Aqui ,neste lugar que eu amo, vivi momentos ternos em minha infância. Naquela época não tinha energia elétrica, portanto, a televisão não fazia parte da nossa rotina. Com minhas amigas, cantávamos e dançávamos nas noites iluminadas pela Lua cheia, nossas cantigas de roda. Ainda lembro-me de: A dança da Carrocinha, Três, Três Passarão, Chicotinho Queimado, Baleada, Eu Sou Rica Dimarré, Sou Minera de Minas, entre outras. Dançávamos e cantávamos até enjoar. Nossas mães sabiam que estávamos seguras. Vivenciamos um período calmo, de confiança. Éramos crianças felizes, em um ambiente seguro, vivendo o prazer da infância.

Com a chegada da energia elétrica, consequentemente da televisão, as cantigas de roda foram substituídas pelo rebolado da Grechan, a “rainha do bumbum,” nos anos 80.

Fomos crescendo. O tempo foi passando e as coisas, mudando. O Brasil experimentava os primeiros indícios de democracia. Em 1984 Ulisses Guimarães liderou o movimento das “Diretas Já”. Tancredo morreu e o Brasil ficou triste. Sarney assumiu a presidência. Lapão foi emancipado. Mais tarde, precisamente em 1999, fomos às urnas pela primeira vez, escolher o presidente da república.

As cantigas de roda, a panelada, os jogos de jeribita, todas as brincadeiras foram ficando distante. No entanto, por ter vivido a infância de verdade, hoje sou feliz e gosto de compartilhar os momentos felizes do passado.

Luzineide Ribeiro da Silva. Texto escrito em Janeiro de 2012

Luz Ribeiro
Enviado por Luz Ribeiro em 25/07/2012
Reeditado em 03/12/2019
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