DOIS PORTUGAS


Vovô Manoel Gomes Gonçalves

         Edson Gonçalves Ferreira
 
         Meus avós vieram de Portugal. Não sei qual dos dois foi o mais sonhador.  Parece-me que vovô Manoel foi o mais ousado, porque saiu de Manhouce, local nas montanhas profundas de Portugal, com seu irmão José. Meu avô tinha 16 anos e seu irmão 14 anos e, para chegar até o Porto, região longínqua, foram a pé, levando uma malica de nada. Pegaram o navio com rumo ao Brasil para se encontrar com o tio deles Custódio Carregal, no arraial do Divino Espírito Santo, hoje, Divinópolis.



Edson e sua prima Isabel Gomes Silvestre, de Portugal


         Já conferi essa história com primos em Manhouce e minha prima Isabel Gomes Silvestre até sugeriu que eu escrevesse um romance “O carrego da vida”. Sim, carrego porque eles aguentaram muito e vieram do Sítio do Carregal, naquele povoado encantador onde, quando posso, vou sentir minhas raízes. Chegando aqui, eles foram trabalhar na Rede Ferroviária Federal. Eu conheci vovô Manoel que morreu quando eu tinha 8 anos, quantas saudades!


Minha mãe Ana Gonçalves Ferreira (Dona Nita)


          Vovô Manoel Gomes Gonçalves casou-se aqui, no Brasil, com uma filha de espanhol Lavínia de Araújo e teve filhos: Tio Osvaldo (Tidado), Tia Maria da Conceição (Tidê), Tia Celina (Tia Criola) e minha mãe Dona Anita e, hoje, o clã Gomes Gonçalves ou Gonçalves Ferreira é enorme e só de gente boa, do gosto de Deus.


Vovô Joaquim José Ferreira (Bigode)


         O outro avô é o vovô Joaquim José Ferreira que, no caso, saiu do Porto, onde também já estive, da Freguesia de Grijó, saindo de lá com 18 para19 anos, conforme passaporte cuja cópia eu possuo – o original está no cofre da família, com o primo Acrísio – em Itaúna -- e, ao chegar, conta-se que ficou em Juiz de Fora onde teve um filho e construiu casas.


Arlindo Ferreira (Bigode) - meu pai


           Ele já veio formado, músico, oleiro e construtor. Depois, ele foi para Carmo do Cajuru e, depois, Divinópolis onde fixou residência, mas circulava também em Itaúna e casou-se com minha avó Dona Leopoldina que, segundo Halin Souki e Ataliba Lago, comandava a sociedade divinopolitana no início do século passado. Era uma mulher culta e energética. Pena que não a conheci.


Rio Douro, Porto, Portugal - terra do vovô Joaquim


         Também, não conheci o vovô Joaquim, embora tenha muitas historias dele que conto no meu livro “Dois dedos de prosa...nas entrelinhas dos versos”.Ele era também poeta e temos seus manuscritos. Dizem que era um excelente músico e formou uma orquestra com a sua família que tocava no cinema mudo, muito, mas muito tempo antes de eu nascer.


Edson em Portugal, revendo suas raízes


           Sou, portanto, neto de dois avós e uma avó portuguesa e de uma avó espanhola Lavína. Que dó não ter conhecidos minhas avós e um avô, porque, desde menino, eu sentia inveja saudável dos outros meninos que tinham avó e avô e que bom que consegui voltar a Portugal e descobrir o solo ancestral de onde vim!
 
Divinópolis, 23.7.2012
edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 25/07/2012
Reeditado em 14/08/2012
Código do texto: T3796477
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