VIVOS QUE ESTÃO MORTOS OU......MORTOS QUE ESTÃO VIVOS

Do ponto de vista físico a morte é algo indiscutível. Simplesmente representa o momento que o corpo para de funcionar, enrijece e entra em processo de decomposição. Um momento que ninguém escapa e que é muito doloroso para a maioria, tanto daqueles que estão agonizando quanto daqueles que estão por perto, normalmente familiares, amigos ou conhecidos. Essa morte física atinge a todos, independente da classe social, da cor, raça, credo ou qualquer outra e a todos trata igualmente. No entanto existem outros tipos de morte. E muito pior que a morte física é a morte emocional e moral, quando alguém “morre” mesmo estando vivo. Quando mesmo com o organismo em pleno funcionamento e as funções vitais em atividade o interior morre, enrijece e se decompõe. E não são poucos os “mortos-vivos” que se circulam pelo nosso meio. Pessoas que deixaram morrer dentro de si o senso da honestidade, a noção de que não se pode ganhar todas e que nem sempre na vida se pode levar vantagem, gente que morreu por causa do apego excessivo ao dinheiro, ao consumo, as suas próprias vaidades e deixou de lado a simplicidade do dia a dia, a emoção de um abraço ou de um sorriso ao encontrar uma pessoa querida. Gente que morreu porque se deixou levar por sentimentos mesquinhos como o egoísmo, o orgulho, e assim não percebeu como existiam outras pessoas a sua volta e que eram tão importantes. Gente que morreu e nesse exato momento já está se decompondo simplesmente por ter perdido a capacidade de amar e de ser amada, de entender que o amor pode superar todos os problemas e que só o amor é que mantém a chama da vida, mesmo quando o organismo para de funcionar. São muitos os mortos que estão a nossa volta. E também ao contrário, muitos cujo corpo físico não se encontram mais em nosso meio, mas que permanecem “vivos” entre nós. Gente que deixou um legado de fé, de justiça, de honestidade, de amor, enfim, de caráter, aquilo que faz com que, mesmo quando tenhamos partido continuemos vivos na vida, na memória e nas lembranças dos outros. Gente que mesmo sem corpo físico continua falando conosco através daquilo que deixaram após a sua partida. Eu quero continuar vivo, nesse momento e depois da extinção do meu corpo físico. Uma vez ouvi uma frase:o homem morre de verdade quando perde a sua capacidade de amar. A julgar pela frase a quantidade de “mortos-vivos” hoje é imensa porque a sociedade está perdendo a sua capacidade de amar. Quero continuar vivo, por muitos anos, mesmo depois que eu me for dessa dimensão. Vivo nas lembranças daqueles que amei e por quem fui amado, vivo nas memórias de pessoas com as quais convivi ou daqueles que ainda irão falar meu nome para gerações futuras, vivo, intensamente vivo a ponto de terem a sensação de que ainda estou nessa vida, com o coração pulsando intensamente. Vivo, imensamente vivo, mostrando a todos que a morte física é apenas um detalhe e que é muito melhor ser um “morto-vivo” do que um “vivo-morto”.