Volta ao Passado
Era uma tarde, dessas tardes frias de inverno sulino, em que alguns raios de sol insistentes rasgam as nuvens densas de um céu meio cinzento.
Andando por aquelas ruas, resolvi parar. Mostraria o lugar a minhas filhas.
- Meu Deus! Há quanto tempo! Tudo tão diferente.
Aqui neste lugar deixara parte de mim. Aquela menininha magricela de cabelos encaracolados e tão longos quanto a sua ingenuidade ficara perdida ali, quem sabe sentada naquela pedra debaixo do abacateiro, lá longe, no fundo do quintal.
Melancólica – Ou triste? – percebi que nada mais era igual. A rua, agora asfaltada, escondia aquela que tantas vezes percorrera. As casas, todas diferentes: outras formas, outras cores, outras pessoas.
-Ah! Aquela vizinha! (Como era mesmo o nome dela?) Onde andará? O que terá acontecido com ela? E seus filhos? Terão sido felizes?
Ali correm crianças, outras crianças, outro tempo. Onde estarão essas crianças daqui a trinta anos?
Trinta anos...Uma vida...
Tudo diferente, tudo transformado. Nada mais igual. E eu?
Perdida nesses pensamentos, com o coração transbordando de lembranças, umas atropelando as outras, parei ao vê-lo tão exuberante, tão único, tão igual, acenando suas folhas verdes como se estivesse me reconhecendo. Era ele! Aquele abacateiro que morava no fundo do meu quintal. Sozinho. Como eu? Onde estaria aquela pedra? Ele era a única coisa que sobrara. E aquelas flores em meio ao mato crescido naquela imensidão vista pelos meus olhos de menina? O quintal parecia tão longe! E agora via-o tão perto! Ah, os olhos de criança!
Lágrimas brotaram de meus olhos adultos e ...Rolaram como há muito não acontecia.
E o abacateiro permanecia ali, acenando, real, prova concreta e viva de que por ali eu havia passado, minha infância deixado, e, como ele, somente eu havia sobrado.
Jussára C Godinho - Ju Virginiana
Classificado em 1º Lugar, categoria Crônica, no Concurso Florada de Emoções do Celeiro de Escritores, em novembro de 2006.
Era uma tarde, dessas tardes frias de inverno sulino, em que alguns raios de sol insistentes rasgam as nuvens densas de um céu meio cinzento.
Andando por aquelas ruas, resolvi parar. Mostraria o lugar a minhas filhas.
- Meu Deus! Há quanto tempo! Tudo tão diferente.
Aqui neste lugar deixara parte de mim. Aquela menininha magricela de cabelos encaracolados e tão longos quanto a sua ingenuidade ficara perdida ali, quem sabe sentada naquela pedra debaixo do abacateiro, lá longe, no fundo do quintal.
Melancólica – Ou triste? – percebi que nada mais era igual. A rua, agora asfaltada, escondia aquela que tantas vezes percorrera. As casas, todas diferentes: outras formas, outras cores, outras pessoas.
-Ah! Aquela vizinha! (Como era mesmo o nome dela?) Onde andará? O que terá acontecido com ela? E seus filhos? Terão sido felizes?
Ali correm crianças, outras crianças, outro tempo. Onde estarão essas crianças daqui a trinta anos?
Trinta anos...Uma vida...
Tudo diferente, tudo transformado. Nada mais igual. E eu?
Perdida nesses pensamentos, com o coração transbordando de lembranças, umas atropelando as outras, parei ao vê-lo tão exuberante, tão único, tão igual, acenando suas folhas verdes como se estivesse me reconhecendo. Era ele! Aquele abacateiro que morava no fundo do meu quintal. Sozinho. Como eu? Onde estaria aquela pedra? Ele era a única coisa que sobrara. E aquelas flores em meio ao mato crescido naquela imensidão vista pelos meus olhos de menina? O quintal parecia tão longe! E agora via-o tão perto! Ah, os olhos de criança!
Lágrimas brotaram de meus olhos adultos e ...Rolaram como há muito não acontecia.
E o abacateiro permanecia ali, acenando, real, prova concreta e viva de que por ali eu havia passado, minha infância deixado, e, como ele, somente eu havia sobrado.
Jussára C Godinho - Ju Virginiana
Classificado em 1º Lugar, categoria Crônica, no Concurso Florada de Emoções do Celeiro de Escritores, em novembro de 2006.