REMINISCÊNCIAS

REMINISCÊNCIAS

Fazia tempo que não se viam, pois a velha amizade ficou reduzida a uma troca de cartões natalinos. Entra ano e sai ano, os desejos de boas festas e feliz ano novo ficaram velhos, como uma fotografia antiga pendurada em uma parede.

Qual foi a sua surpresa quando ele apareceu à sua porta.

- Olá? Tudo bem? Lembra-se de mim?

Como haveria de esquecer? Foram bons amigos nos tempos de colégio, até que cada um seguisse seus próprios caminhos. Sem despedidas, nem um até logo ou nos veremos em breve.

À primeira vista não lhe pareceu ele ter mudado muito. A fala mansa e pausada foi sempre sua característica, a tranquilidade em pessoa. Nada o tirava do sério. Nisso não mudou mesmo.

Convidou-o a entrar e lhe deu a impressão, pelo modo de olhar, que fazia uma análise de sua aparência física e no seu modo de se vestir, como estava fazendo agora em relação a ele.

Sentaram-se e começaram a relembrar o passado: as idas juntos ao colégio, a educação física e o eterno futebol que jogaram todas as quartas-feiras à noite e os bailes que frequentavam. Depois de tudo foram ser bancários o que fez com que se afastassem.

Os ponteiros do relógio como o tempo não deixam de passar.

Na despedida ficaram as promessas de novos encontros e novas conversas sobre vidas que se tornaram tão diferentes e rumos tão distintos.

- Então até breve, Carlos. – disse Osvaldo.

- Até mais, Sérgio.

Então percebeu que não tinham mais nada em comum, a não ser os velhos cartões de fim de ano com as mesmas mensagens de sempre. Até que um “esqueça” de enviá-lo.

lmorete
Enviado por lmorete em 24/07/2012
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