Tem pessoas que te fazem bem, quando te fazem mal

Tem pessoas que te fazem mal quando te fazem bem. Paradoxo, irônico, incoerente e nada a ver. É isso o que esta frase me passa, lendo assim, na lata, à vera. Com o corpo sujo da rua, sem ter lavado as mãos para abrir a geladeira e beber 1 ½ de água, no gargalo. Não absorvi a poluição sonora, o lixo, a pobreza (primeiro estágio da miséria), o analfabetismo (o último grau da pobreza). Mas o “pulso ainda pulsa”.

E a gente ainda consegue viver morrendo a vida de quem ainda não morreu, mas está à beira da morte de quase morrer. É mais ou menos como não viver a vida vivida de quem está vivo para morrer. Como alguma coisa viva dentro da necessidade incoerente de “além vida” e “pós-morte”.

Aí você se depara, no meio da estrada, com pessoas que te querem mal e te fazem bem, ao mesmo passo, com pessoas que te querem bem e te fazem mal. É uma lua ao meio dia tentando convencer a noite, mesmo sem estrelas, que os sinos e as missas das igrejas, bem antes da Ave Maria, já anunciaram o cântico da missa do sétimo dia.

O maior dos enigmas é descobrir onde estão as velas. Podem estar nas gavetas, nos balcões, nas esquinas. As velas podem estar dentro do seu bolso. As velas do conteúdo da sua história podem ter sido apagadas lá atrás, quando ainda voce nem sabia que elas estavam acesas, quando voce nem imaginava que, um dia, elas pudessem acender.

Tem pessoas que te fazem bem quando te fazem mal. Quem nunca precisou de um empurrão para descer uma ladeira? E quando desce percebe que a descida foi tranqüila, poética e produtiva. Depois voce volta ao topo e salta sozinho, seguro e completo, pronto para descer e fazer tudo de novo.

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 24/07/2012
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