A PRAÇA É DO POVO!
A PRAÇA É DO POVO!
Seu nome Praça do Carmo. Sempre me faz lembrar o Bispo D. Jorge, o Padre Bibiano e o Padre Belizário, que me casou. Paisagisticamente, na ausência de canteiros, falta-lhe, na realidade, maior integração entre a arborização e o passeio, que lhe dariam um aspecto mais alegre, menos sisudo. Não sou contra a existência da concha acústica construída mais recentemente, bem defronte ao prédio que já serviu de gabinete do prefeito. Só lhe falta maior proteção, fica quase abandonada, à mercê de invasores que ali dormem, fazem suas necessidades fisiológicas, oferecendo espetáculos não de acordo com sua finalidade.
Desde o tempo em que, ainda, não era sede da Diocese do ABC, a praça sempre serviu de local das mais diversas manifestações. Teve sua época romântica. Nos domingos, após a missa das 11:00h, os moços faziam-na de ponto de espera das mais belas jovens de Santo André. Então, foi ela testemunha de apaixonados flertes, que resultaram em inúmeros casamentos. Hoje, a praça tem uma frequência bem diversificada. Está popularizada, reflexo do apoio dado pelos bispos, à classe operária, em seus movimentos sindicais. Com as dificuldades inerentes aos problemas econômicos, ali costumam se reunir trabalhadores desempregados. As empresas de mão de obra temporária, em sua gana de faturar sobre eles, utilizam as paredes de prédios desocupados, para afixar vagas à disposição. Não sei explicar, mas nunca me cheirou bem essa atividade, mormente, após certa ocasião, há muitos anos, ao presenciar violenta briga entre o proprietário de agência, e um humilde trabalhador, quando este fora lhe cobrar um direito seu. Levou tremenda surra.
Além do trabalhador, há algumas representantes da mais velha das profissões... e os moradores de rua, todos alcoólatras. Apesar da unidade policial existente, das entidades que deveriam cuidar dessa ferida social, nada se faz para solução do problema.
Na primeira segunda-feira de todo mês, a Pastoral da Diocese promove um café da manhã na praça, aberto a todos, minimizando, desse modo, a fome de muitos necessitados. É pouco, mas, sempre ajuda. Nessa ocasião, também, há uma dupla de sertanejos que, cantando As andorinhas voltaram, A morte do Chico Mineiro e outras, minimizam o sofrimento daqueles infelizes, fazendo-os esquecerem suas vicissitudes, mesmo que por alguns momentos.
Toda semana, a Praça do Carmo recebe artesãos da cidade, dando chance a esses artistas, de exporem e comercializarem seus trabalhos.
Como em todo largo de igreja que se preze, anualmente, em junho, há as tradicionais quermesses. Desponta, entre os quentões, cachorro quente, milho verde, pastel, o delicioso e requisitado churrasquinho no pão que, segundo o gaúcho, é o churrasco de paulista.
Eles que me desculpem, mas que, com um molhinho à vinagrete, é bom é!
E a Catedral do Carmo?
Pena, que a pintura externa atual tirou-lhe a seriedade que sempre manteve. Fazer o quê? Gosto é gosto! Se todo mundo gostasse do cinza... Mas, felizmente, conserva a tradicional escadaria, que já foi palco de diversas fotos históricas.
Sem rasgos de ufanismo, sem querer exagerar no bairrismo que carrego em mim, pode a população de Santo André exclamar aos quatro ventos, em alto e bom som, que sua catedral está entre as mais belas, dentre todas que por ai existem. Os vitrais são muito bonitos. Seus afrescos, feitos pelos artistas italianos, os irmãos Bastiglia, por ocasião do IV Centenário da cidade, são trabalhos de grande valor artístico, merecendo constar de qualquer catálogo do gênero, como obras primas! Anos depois, com a ação da intempérie, as mesmas precisaram e foram restauradas por um membro de tradicional família andreense, Antonio Tavares.
Lá no alto da nave principal, lê-se “HIC EST QUI PRO AMORE CHRISTI PEPENDIT IN CRUCE”, a frase em homenagem ao santo padroeiro da cidade, sacrificado numa cruz em forma de X!