O Jejum da Língua

O mundo oferece de tudo. A vida, atualmente, é um banquete. Vivencie a era do consumismo e da liberdade de expressão. De tudo podemos desfrutar. Imagine uma vitrine gigantesca onde tudo se encontra, do material ao sentimental, um planeta onde tudo é permissível: amar, drogar-se, comer, inventar, criar, progredir, democratizar o pecado, consumir, expressar-se das mais variadas formas.... Uma mesa tão farta que a religiosidade pede jejum, abstinência para o fiel estar mais perto da divindade, ou assemelhar-se a ele. Uma alternativa para o ser humano que busca perfeição ou alívio da consciência pelo que degustou, falou ou deixou de falar.

Imprescindível lembrar a fala do Messias: não é o que entra na boca que empobrece o ser humano, mas sim, o que sai dela. Ou seja, cuidado com o que anda falando por aí. A liberdade de expressão pode ser sua perdição. Você também pode falar o que vier a sua cabeça. Tudo lhe é permitido, mas para quem é inteligente, nem tudo convém.

Cuidado com o exercício de seu direito de falar e o dever de se retratar. Você pode fazer o que quiser, pensar o que quiser, ir aonde quiser, votar em quem quiser, comer o que quiser, comprar o que quiser, ser o que quiser: comerciante, intelectual, religioso , traficante, caridoso, ladrão porque você está vivendo em um período da história de liberdade e/ou libertinagem.

Procure usar bem essa arma letal, fatal: a língua. Um instrumento poderoso a serviço e maldição do ser humano. Vamos dar uma olhada nos ditos populares porque desconheço um órgão do ser humano com tantos adjetivos: língua “maldita”, de”trapo”, “comprida”, de “cobra venenosa”, sem “ladeira”, “maior que a boca”, “ferina”. E as frases e expressões? “Quando fulano morrer vai precisar de dois caixões: um para o corpo, outro para a língua”. “A língua é o castigo do corpo”. As figuras de linguagem eu deixo você classificar.

Adiante, vamos verificar o poder da língua nos períodos históricos da humanidade. Pois bem, a história da humanidade, aprendemos na escola, que se divide em Idade Antiga - era de Sócrates, aquele filósofo que usou bem a língua “conhece-te a ti mesmo”, “sei que nada sei”. Idade Média - influência da Igreja Católica. Falou o que não devia foi para a fogueira, era a inquisição freando a língua. Idade Moderna - capitalismo comercial, igreja católica perde seu poder, vamos falar de modo científico sem medo de morrer, e Idade Contemporânea - desenvolvimento e consolidação do capitalismo, a era do iluminismo e do consumismo, pessoas de mentes brilhantes falando coisas brilhantes.

Assim sendo, a língua pode ser usada para o bem ou para o mal. Neste último recomenda-se o jejum da língua. Um caminho eficiente para quem já entrou em muitas “enrascadas” por não pensar no que diz.

Luz Ribeiro, domingo, 22 de julho de 2012

Luz Ribeiro
Enviado por Luz Ribeiro em 23/07/2012
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