Luis Fernando Veríssimo e Eu...

Luis Fernando Veríssimo um dos grandes cronistas da literatura brasileira fez um discurso curto e bem humorado dando o pontapé inicial da décima edição da Festa Literária Internacional de Paraty. "Acho que me convidaram porque sabem que falo pouco e não vou alongar a cerimônia".

Mas, antes desta brincadeira feita, ele pediu para fazer a correção de uma gafe que cometeu ao mediar à palestra do dramaturgo Tom Stopparde em uma outra edição da Flip. Atenta a tudo, anotei na minha agenda a sua fala:

–Quatro anos depois, acho que a Flip quis me dar a oportunidade de corrigir a minha gafe.

Recordando para você leitor... Ele trocou Flip por Clip!

E, Fernando ainda fez uma brincadeira e foi ovacionado pelos participantes:

– Foi um prazer inaugurar a décima edição da Clip, ops, Flip.

Quando vou a Flip sempre procuro participar da Flipinha para saber as novidades da literatura infantil. Espanto! Eis que dou de cara com ele... Luis Fernando Veríssimo.

Cheguei mais perto...! Ele parado, estático, mesmo!... dando uma entrevista para os jovens de uma emissora de Parati. Aproveitei para gravar a sua fala. Tirei fotos.

Ao meu lado uma senhora simpática acompanha tudo... imaginei que ela fosse à professora dos jovens entrevistadores...

Virei para a sorridente senhora e falei:

“Ah! Como gosto de Fernando! Ele na sua timidez se faz tão grande... Acompanho seus escritos e sempre que, ele, aparece em Piracicaba, lá estou eu! Ele participou do lançamento do Salão do Humor e acredito que foi um dos fundadores do salão, junto com, Alceu Marozzi Righeto, Adolpho Queiroz e Carlos Colonnese, Jaguar, Millôr Fernandes, Paulo Francis e Zélio Alves Pinto... A última vez ele foi tocar na entrega do prêmio do salão, e, lá estava eu para ouvi-lo”.

Entusiasmada, contei para ela...

“Fernando Veríssimo e Rubens Alves na minha opinião são os melhores cronistas da atualidade (não desmerecendo os demais...)”.

Falei que Fernando me acompanhou num longo tratamento radioterápico e quimioterápico, todas as vezes, ele estava comigo nas horas mais difíceis... Suas crônicas me ajudavam a relacionar melhor com o impacto da doença e do tratamento.

Ela me ouvia sorrindo.

“Desculpe à senhora conhece o trabalho de Fernando?!”

Olhou-me... alargou, ainda mais, o sorriso e afirmou positivamente, com a cabeça!

“A senhora é a professora dos jovens, que o estão entrevistando?!”

“Não! Eu sou a Lucia, esposa de Veríssimo. Você vai gostar de saber que ele admira muito Piracicaba e o seu Salão de Humor.”

“Por favor, transmita o meu abraço para ele...”

E, a abracei com carinho...

Nesta hora lembrei-me de um fragmento de uma das crônicas de Veríssimo e sorri com a sua perspicácia:

"Certo dia parei para observar as mulheres e só pude concluir uma coisa: elas não são humanas. São espiãs. Espiãs de Deus, disfarçadas entre nós...”