INGENUIDADE


Enquanto caminhava em meio as belas árvores do Central Park, lembrei-me do caminho que eu e minhas amiguinhas fazíamos quando íamos até o único clube que existia na pequena vila em que vivi minha infância. 
Seguíamos por uma estrada ladeada por árvores. Em um lugar muito úmido do caminho, havia uma imensa árvore bem rente a um barranco, em qualquer época do ano, embaixo dela havia uma pequena poça d'água, formada pelas gotas que caíam sem parar de seus galhos e folhas. 
Tínhamos medo daquele pedaço do caminho. Os adultos costumavam contar causos sobre aquela árvore, que era mal assombrada, por isso chorava o tempo todo.
Lembro-me que naquele trecho do percurso, as brincadeiras que até aquele momento vínhamos fazendo, cessavam, e nos davamos as mãos, e seguíamos em passos rápidos, olhando de soslaio para a imensa árvore que chorava. Temerosas do que pudéssemos ver nela.
Só depois de bem crescida, entendi que era impossível uma árvore chorar, e que as supostas lágrimas vertidas por aquela, nada mais eram que um fio d'água, vindo de uma nascente e que escorria sem parar pelo barranco, e se derramava por sobre a árvore.
Hoje ao recordar dessa história achei graça. Quanta ingenuidade a nossa, de meninas simples do interior. Senti saudade, muita saudade daquela vila e daquele tempo.



(Foto da autora- Central Park)

Lenapena
Enviado por Lenapena em 23/07/2012
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