Manhã de Domingo

“Esforça-te por estabelecer a tranqüilidade em tuas áreas de ação, sem considerar sacrifícios pessoais que serão sempre pequenos, por maiores te pareçam, na hipótese de serem realmente o preço da paz de que necessitas.” (Chico Xavier)

“Aquele que tem fé jamais está só”

O domingo amanhecera tranqüilo, ensolarado. Levantou-se, tomou o café e parte dos remédios do dia, preparou-se e foi à igreja. Ao entrar, persignou-se e sentou-se em um dos bancos. Suave música tocava ao fundo. Fechou os olhos e pôs-se a orar. Lágrimas teimosas escorriam-lhe pela face. Vivia tempos difíceis. Não fosse a fé não teria como seguir vivendo.

Sempre acreditara em Deus e nos últimos anos – mesmo parecendo impossível – a fé que tinha – mais crescia. Deixou-se ficar. Enlevada, sentia a presença de seres celestiais à sua volta. As lágrimas seguiram vertendo; era um pranto manso, de dor, arrependimento por atos que não cometera e outros que, por ser humana, mas sem querer magoar quem quer que fosse, fizera. Caráter íntegro, coração bom, culpava-se por seus erros.

Após ter chorado todas as lágrimas, sua alma foi tomada por profunda paz. À sua volta, gente humilde – sua gente – também orava. As vozes juntas elevavam-se aos céus. Agradeciam, suplicavam, clamavam por piedade e, muitos, por milagres. Sentia-se a presença etérea do Deus Vivo. Todos seriam atendidos, pois o Criador é justiça e amor em Sua excelsa glória.

Ao sair à rua, poucos carros passavam. Crianças brincavam felizes na pracinha. Pessoas caminhavam sem pressa. Havia paz à sua volta e em sua alma.

Uma aragem suave tocou-lhe o rosto. O azul do céu estava com brancas nuvens e pássaros chilreavam com alegria – abençoado Domingo! Louvado seja o Senhor!

Uma nova semana se iniciava e ela sentia-se forte e serena, na certeza de que cumpriria a missão que lhe houvera sido confiada antes mesmo de ter nascido.

Mirna Cavalcanti de Albuquerque

Rio de Janeiro, 22 de Julho de 2012

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