MIGALHAS DE PÃO


O dia está mais longo por aqui, escurecendo após as nove horas da noite. Os ocasos, tem sido deslumbrantes, um convite a contemplação da obra do Criador.
Ontem, consegui fotografar uma família de marrecos, que voltava de seu passeio pelo East River. Saíram da água, e seguiram para o gramado em volta do pier. Era hora de descansar na relva macia do lugar.
Quase todo final do dia tenho levado migalhas de pão amanhecido para as aves no pier. Parece que, já fizemos amizade. Elas, só não gostam quando percebem que acaba a cota, que lhes trouxe, aí começam a gritar a todo pulmão, como a protestar.
Meu marido acha graça, e diz, que sabia que, eu, ia arrumar de quem cuidar por aqui também. Lá em casa, toda manhã tenho compromisso com os pardais, sanhaços, Bem te vis, sabiás, e às vezes algumas maritacas, que me esperam em cima dos galhos da sibipiruna do jardim, ou no muro do quintal, para se alimentarem com as bananas e mamões, que lhes ofereço.
Aqui tenho observado, que dentre os marrecos, um deles se destaca pelo seu tamanho bem maior que os demais, não sei se é o único macho do grupo, só sei que é bem desconfiado, e foi o único que não aceitou até agora as migalhas de pão. Fica a me encarar, muito sismado, me segue com o olhar, mas não se aproxima.
Vamos ver até quando ele resiste. Ainda demora para eu ir embora, e até lá, quem sabe, ele não cede e aceita minha oferta de amizade.  
Reconheço que meu marido tem razão, já achei meus fregueses aqui também. Isso mostra que  tenho facilidade em me adaptar, e encontro sempre um jeito de interagir com a natureza à minha volta.
E a natureza daqui é tão bela quanto a de lá. Nem podia ser diferente, tudo que existe no planeta foi pintado pelo pincel mágico do Grande Artífice.


(foto da autora- Ocaso em Williamsburg)

Lenapena
Enviado por Lenapena em 22/07/2012
Reeditado em 22/07/2012
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