"Aquele abraço!”
Há algumas semanas, José Carlos Capinan, parceiro de Gilberto Gil em muitas composições, escreveu no jornal O Globo: “Gilberto Gil é um jogral, poeta que atravessa seu tempo cantando seu mundo – ou esse poeta que atravessa seu mundo para cantar seu tempo.” Achei genial! Acho que foi a mais interessante colocação já feita para um dos maiores gênios da MPB. Gil é isso: um jogral, um mosaico, uma multimistura de gêneros e sons que vão do pop ao clássico, do rap ao forró, do samba ao rock, do reggae ao baião, de tudo ao tudo. Enfim, ele é tudo de bom!
No ano em que este “jovem senhor” completa cinquenta anos de carreira e setenta anos de vida, há tantas coisas a dizer que uma crônica é pouco. Mas, escrever um livro demandaria muita pesquisa e essa humilde escritora, por falta de tempo e de recursos, resolveu homenagear o Bom Baiano com um texto simples, contando apenas com as emoções registradas na memória.
“Conheci” Gilberto Gil no ano de 1973. Eu tinha dezesseis anos e estava atravessando um período meio turbulento. Estava vivendo um namoro não consentido pela família, o que me obrigava a arquitetar mil planos para encontrar minha paixão às escondidas. Foram meses brincando de esconde-esconde com o pessoal lá de casa, gazeteando aula, simulando trabalhos escolares na casa das amigas para poder estar com o namorado. O resultado disso tudo foi a reprovação em Física, um castigo que durou as férias inteiras e o rompimento do namoro, porque o cara se cansou de correr de meus irmãos (todos mais velhos e bravos). Gilberto Gil entrou nessa história com a música “Eu só quero um xodó”, de Anastácia e Dominguinhos. Essa canção foi uma das mais executadas nas rádios nesse ano de 1973 e, claro, mexia com as emoções de todas as pessoas apaixonadas, inclusive com as minhas. Como não se emocionar com esses versos?
No ano em que este “jovem senhor” completa cinquenta anos de carreira e setenta anos de vida, há tantas coisas a dizer que uma crônica é pouco. Mas, escrever um livro demandaria muita pesquisa e essa humilde escritora, por falta de tempo e de recursos, resolveu homenagear o Bom Baiano com um texto simples, contando apenas com as emoções registradas na memória.
“Conheci” Gilberto Gil no ano de 1973. Eu tinha dezesseis anos e estava atravessando um período meio turbulento. Estava vivendo um namoro não consentido pela família, o que me obrigava a arquitetar mil planos para encontrar minha paixão às escondidas. Foram meses brincando de esconde-esconde com o pessoal lá de casa, gazeteando aula, simulando trabalhos escolares na casa das amigas para poder estar com o namorado. O resultado disso tudo foi a reprovação em Física, um castigo que durou as férias inteiras e o rompimento do namoro, porque o cara se cansou de correr de meus irmãos (todos mais velhos e bravos). Gilberto Gil entrou nessa história com a música “Eu só quero um xodó”, de Anastácia e Dominguinhos. Essa canção foi uma das mais executadas nas rádios nesse ano de 1973 e, claro, mexia com as emoções de todas as pessoas apaixonadas, inclusive com as minhas. Como não se emocionar com esses versos?
"Que falta eu sinto de um bem/que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém/eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor/ que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim/do meu jeito assim/que alegre o meu viver"
Mas como eu não tenho ninguém/eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor/ que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim/do meu jeito assim/que alegre o meu viver"
Houve outra canção que também foi muito marcante para mim nessa época, que eu não ouvia sem derramar milhões de lágrimas pelo amor que me deixou. O título dessa música é “Preciso aprender a ser só” .
Gil continuou ilustrando minha vida pelos anos que se seguiram. Na idade adulta, lá estava ele com suas músicas, fazendo meus momentos se eternizarem na lembrança. E foram tantos momentos e tantas músicas: “Realce”, “Palco”, “Se eu quiser falar com Deus”, “Andar com fé”, “Vamos fugir”, “Não chore mais”, “Tempo Rei”, “Refazenda”, “Drão”, “Extra”, e por aí vai.
Nosso país é mesmo abençoado por Deus, como já dizia Jorge Benjor, pois é um celeiro de grandes artistas, de cabeças tão iluminadas e tão inspiradas que até parece que não são humanas. Gil é uma dessas cabeças. É um homem inteligente, sensível, contemporâneo, que sabe acompanhar a evolução dos tempos. O Gil baiano, nordestino, de raiz, é também o Gil tecnológico, plugado na modernidade. Aos setenta de corpo é um jovem de alma. Aos cinquenta de carreira continua sendo “A novidade”.
Obrigada Gil, por todos os momentos de prazer que me proporcionou por meio de seu trabalho e “Aquele abraço”!
Gil continuou ilustrando minha vida pelos anos que se seguiram. Na idade adulta, lá estava ele com suas músicas, fazendo meus momentos se eternizarem na lembrança. E foram tantos momentos e tantas músicas: “Realce”, “Palco”, “Se eu quiser falar com Deus”, “Andar com fé”, “Vamos fugir”, “Não chore mais”, “Tempo Rei”, “Refazenda”, “Drão”, “Extra”, e por aí vai.
Nosso país é mesmo abençoado por Deus, como já dizia Jorge Benjor, pois é um celeiro de grandes artistas, de cabeças tão iluminadas e tão inspiradas que até parece que não são humanas. Gil é uma dessas cabeças. É um homem inteligente, sensível, contemporâneo, que sabe acompanhar a evolução dos tempos. O Gil baiano, nordestino, de raiz, é também o Gil tecnológico, plugado na modernidade. Aos setenta de corpo é um jovem de alma. Aos cinquenta de carreira continua sendo “A novidade”.
Obrigada Gil, por todos os momentos de prazer que me proporcionou por meio de seu trabalho e “Aquele abraço”!