AMIZADE...VELHA INSTITUIÇÃO,

A amizade não é um abrigo de confortáveis experiências, ela nos traz muitas decepções. Não é surpresa e ocorre como fato comum a concorrida decepção que se apresenta com o que se pensa ser amizade. Não sofreria nunca desse mal, conheço o bom e o mau caráter que andam por perto. Estou encouraçado para me defender e conhecer pessoas, é só estar “vis a vis”. Conhecendo efetivamente, nesse caso, é pura transparência.

Não tenho surpresas nem me engano sob esse aspecto, me acharia um idiota se não conhecesse as pessoas.

Para todos estabelecem-se essas tratativas do contexto dos convívios “amigos”, e são deslizados pela existência como turbilhão de enfrentamentos e asperezas, ou prazeres.

Nesse curso os iguais admiram-se, os não afins se toleram. É bom que assim seja, vai ratificando a posição de Aristóteles, forte em que a amizade perfeita só pode existir entre os bons. É uma coisa óbvia, mas o óbvio é pouco dito e percebido. Nunca li reflexão mais perfeita sobre esse convívio. Quem não é bom em gênero, não presta, com a ordem natural da vida, só tem desvios, não pode ter amizade, muitos não são amigos nem de si mesmos, como serem amigos de outras pessoas.

Não é bom o invejoso, o egoísta, o avarento, o covarde, o mentiroso, o falso que falseia em benefício próprio.

Dificilmente alguém tem amizade verdadeira com quem não aprecia em conduta, posturas diversas, apenas convive, não admira por nada ter para admirar. Aristóteles pleno de razão pontificou ser dos bons desfrutar da amizade. O convívio de conhecimento com quem não se admira gradativamente se esgarça, de forma homeopática, mas efetiva, e vão se desatando os nós de uma quase tolerância até então existente por várias circunstâncias. E é um alivio quando esses espíritos escorregadios e pegajosos vão deixando de incomodar.

Estão sempre por perto, dissimulados, andrajosos, através de algum veículo ou de alguma forma, e são principalmente e sempre pessoas de duas palavras, e maximamente mentirosas. Por educação temos que ser recíprocos. Olhem em torno e verão vários acontecimentos desse padrão.

A amizade é diferente do amor, aproximação ou conhecimento. Ter amizade, amar e conhecer são fatos diversos. Todos que são maduros conhecem suas definições.

Convive-se com pessoas que em nada nos afinamos, e até mesmo entendendo-as como portadoras das piores condutas diante das obrigações comuns da vida com o próximo, os conhecidos, os familiares e os que seriam (condicional) seus amigos.

Isso é uma decorrência natural do convívio, conviver com o mau e o bom caráter. É da vida. Em algum momento vão incomodar, vão surgir. Temos que tolerar. Sempre quando de você precisam aparecem.

Para termos a amizade de uma pessoa digna é preciso que tenhamos as qualidades que nela admiramos, com propriedade apontava Sócrates. Por isso é difícil essa admiração. Conviver se convive com tudo.

É como um copo com água límpida a amizade, com terra em repouso no fundo. Agitado o copo a água fica turva. A terra, a escuridão, não pode estar próxima do que é limpo, bom, a água.

Amizade é a asa de Deus que leva à ascensão, impõe-se que amigos sejam espíritos afins, iguais.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 18/07/2012
Reeditado em 19/07/2012
Código do texto: T3785271
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